Otaviano Maciel de Alencar Filho
Fortaleza / CE

 

 

 

O mundo assombrado pelo inimigo invisível




          Ninguém imaginaria que em pleno século XXI as pessoas ficariam presas em suas casas. Mas aconteceu. O ano de 2020 iniciou-se com a disseminação de uma doença respiratória cuja contaminação se dá através da inalação do ar contaminado por gotículas que carregam um vírus denominado “2019-nCoV” ou simplesmente corona vírus, e também através do contato com superfícies contaminadas por ele.
         As autoridades mundiais no assunto atribuem o seu surgimento em uma cidade localizada na China denominada Wuhan. Após algumas pessoas que trabalhavam em um mercado especializado em comércio de frutos do mar se queixarem de alguns sintomas como falta de ar, febre, dores no corpo, despertou-se a suspeita que essas pessoas poderiam terem sido contaminadas pela ingestão desses alimentos e o mercado foi fechado para desinfecção e limpeza.
         O poder de se disseminar rapidamente fez com que logo o vírus deixasse as fronteiras da china e se espalhasse por toda a Europa, fazendo milhares de vítimas, em especial a Itália onde acometeu várias pessoas levando várias ao óbito, ultrapassando em número de vítimas fatais a China. Essa disseminação ocorreu principalmente através das viagens, feitas principalmente de avião, de pessoas entre os países. Não demorou muito e rapidamente a covid-19, como é conhecida a doença causada pelo vírus, chegou ao continente americano afetando em cheio os EUA e lá, principalmente a cidade de Nova Iorque, que chegou a ostentar o infame recorde de cidade mais contaminada pelo corona vírus no mundo.
         Alguns países, como medida de proteção contra a contaminação de seus habitantes estão fechando temporariamente as fronteiras.
         Aqui no Brasil a situação não é diferente, com muitos contaminados pelo vírus que teria aqui aportado no final de fevereiro, embora haja discordância entre os estudiosos quem acreditam terem casos sido relatados já no final de janeiro. A cidade mais afetada até o momento é São Paulo, seguida do Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus e Recife. No resto do país o panorama é também desolador.
         De forma equivalente a outros países do mundo, medidas estão sendo tomadas para evitar a contaminação das pessoas simultaneamente e assim não sobrecarregar o sistema de saúde e o atendimento às pessoas nos prontos-socorros. Em alguns estados foram baixados decretos no intuito de dificultar a circulação e aglomeração de pessoas nas ruas, parques, praias etc. de vez que, por enquanto, a única maneira de diminuir a avanço da doença é isolando-se dos outros indivíduos, evitando assim uma possível contaminação por parte de quem já se encontra infectado e não apresenta nenhum sintoma. Também foi estabelecida a obrigatoriedade do uso de máscaras ao sair de casa.  Somente os serviços essenciais como farmácias, supermercados, postos de gasolina, serviços de saúde e similares podem funcionar normalmente, os demais estão proibidos de prestarem serviços enquanto durar o decreto. Escolas e universidades também estão fechadas e os alunos estudando remotamente. Algumas cidades tomaram decisões mais rígidas, como decretar o “lockdown”, ou seja, as entradas das cidades são fechadas com o intuito de forçar o isolamento social.  Até o momento, início do mês de maio, a cidade de São Luís no Maranhão e três cidades de sua região metropolitana, assim como Belém no Pará e mais nove cidades da região conhecida como “Grande Belém” e Fortaleza no estado do Ceará, foram as únicas a tomarem essa decisão.
         Não é apenas a doença o principal inimigo a combater. Com medidas de isolamento sociais rígidas e trabalhadores informais sem poderem exercer suas atividades comerciais, famílias inteiras estão sem recursos financeiros para sobreviverem. Dessa forma o governo federal institui o “auxílio emergencial”, trata-se de um valor em dinheiro que é concedido a todos os cidadãos brasileiros que não estão trabalhando de “carteira assinada”, ou trabalhadores informais e outras categorias que não têm renda fixa. Outras medidas de auxilio social também estão sendo estudadas e implantadas tanto por parte do governo federal como por parte dos governos estaduais.
         Ainda é cedo para dizer quando tudo isso vai terminar, pois até o momento não existe tratamento eficaz com drogas, embora muito se especule sobre alguns medicamentos já existentes no mercado e que poderiam estar sendo utilizados no combate a covid-19. O que vemos acontecer é que expirado o período de isolamento social, que geralmente dura de quinze a vinte dias, logo se inicia outro período. Vale ressaltar que essas medidas de isolamento “forçado”, são tomadas pelos respectivos governadores dos estados. O governo federal não “vê com bons olhos” essas medidas e acredita serem demasiadas e põem em xeque a economia brasileira. O palácio do planalto defende o isolamento vertical, que é aquele que somente ficariam isoladas as pessoas mais vulneráveis ao corona vírus, ou seja, os maiores de sessenta anos, portadores de doenças cardiovasculares, diabetes e doenças pulmonares, assim em tese, permitiria que os mais jovens pudessem retornar ao trabalho e ao estudo fazendo assim girar a roda da economia. Por outro lado, especialistas em infectologia defendem o isolamento horizontal, ou seja, aquele que determina que todos independentemente de idade devam manter-se isolados, garantindo assim uma melhor eficácia no combate ao vírus. Seguem adiante informando que, no modelo de isolamento vertical, mesmo sendo resistente a ação do vírus, o indivíduo ao contraí-lo não fica isento de passá-lo adiante e tem uma maior probabilidade de disseminá-lo para os que não estão em quarentena
         Assim estamos vivendo um dia de cada vez!
         A humanidade inteira está passando por momentos difíceis em que é obrigada a ver seus entes queridos serem derrotados e muitos morrendo devido a um inimigo que não se vê.
         Acredito que superaremos essa fase em que estamos passando, no entanto mesmo com todas as informações disponíveis sobre a letalidade do vírus, muitas pessoas desdenham e não obedecem as orientações de uso de máscaras e de isolamento social, pondo em risco suas vidas e de outras pessoas.  Não devemos subestimar o potencial destrutivo que determinados micro organismos tem sobre a humanidade.

 

 




Poema publicado no livro"Contos Livres" - Edição Especial - Agosto de 2020

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