José Faria Nunes
Caçu / GO
Ser mais, mais Ser
Se cônscio de si,
de corpo e mente, o poeta
quer o que não tem
e ser o que não é.
Se já o tem e é, por que
há de mais querer?
A máxima vale tanto quanto
para o amor.
Ao já ter e ser, não mais
há o que buscar.
O poeta busca no tempo
e espaço a completude
de ser. No inconsciente
sabe da finitude do corpo.
Ao ter ciência da própria
finitude busca eternidade.
A própria vida
não lhe basta.
Curta demais se criado foi
para todo o sempre
para os séculos dos séculos
Por do pó ter se erigido
e ao pó ter que tornar,
daí a incessante busca: até
que se assegure a vida
em outra vida que há de
vir. E após, em outra,
em outra, e mais outra,
até o vislumbrar
da geração que lhe há
de assegurar a eterna
reincidência do ciclo
infinito do existir.
Onde meio há de o poeta
encontrar a infinitude?
Por certo no contrário
do próprio ser.
Na incessante busca,
nas antíteses do que é
há de encontrar a síntese
desejável à completude
do próprio ser. Nos
extremos, nos opostos,
há de aperfeiçoar
em corpo e alma
do desejável amanhã
o que deixou de ser e ter.
Assim se completa
a essência do existir:
Ser mais e mais Ser.