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Isabel Assad
Campos de Goytacazes / RJ

 

Narciso


Sinto muito. Sinto grande e imperfeitamente
Sinto vontade, saudade, mas quem não sente?
Só que em mim é exagerado,  inconformado
Necessito como água de sedento,
holofote de famigerado.
Queria estar feliz com o que tenho agora
Mas sorrio às vésperas, desde o nascer da aurora
Até a hora em que vai chegar... E só me olhar.
Somente isso? – perguntariam os incautos.
- Nem um abraço, uma esperança, uma rosa, um beijo de assalto?
Nada mais preciso. Basta isso e me sinto Narciso,
Apaixonada pelo espelho que me vê. Reflexo do muito, do grande, do imperfeitamente.
Querer adolescente,
Emoção aprendiz.
Parece que perdi o bonde do amadurecimento e arrasto a juventude,
a inquietude e a alegria motriz.
Pra que viver isso nessa altura da vida?
Deve haver outro jeito
de estar feliz, satisfeito
Você vai é cutucar ferida.
Vai é remexer cicatriz!
Reflexos de Narciso? Tolice, ilusão da velhice.
Um pouco mais e definhas. Não é real esse olhar.
Vou mirar o belo até definhar!
Nada mais preciso. Basta isso e me vem o sorriso.
Não quero e não vou resistir.
Esse olhar nada promete,  só me reflete
E nele eu sou grande a ponto de me repartir.
O outro jeito é estar morto. O outro jeito é não sentir.




 
 
Poema publicado no "2º Anuário da Nova Poesia Brasileira" - Março de 2016