Neide Araújo Castilho Teno
Dourados / MS

Cecilia - Voz que resiste ao tempo

Foste professora  em tempos que eu ainda não existia,
Foste escritora de Espectros em algum momento,
Comungou suas horas com artistas plásticos,
Conviveu com Olavo Bilac,
Foi diretora de Escola.

E o tempo foi passando... e eu ainda não existia...
E você foi escrevendo...
Deu voz à Educação no Diário de Notícias do Rio de Janeiro.
Em Botafogo você organizou a primeira  biblioteca infantil,
Levou sua literatura infantil para Lisboa, Coimbra – Portugal.

E o tempo foi passando...Um século se passou,
E eu ainda não existia.
Mas você continuava
Fazendo  "Batuque, Samba e Macumba" e outros  ensaios portugueses.
E o tempo foi passando...chegou  a aposentadoria ...chega o ano de 1951.

Cecilia Meireles, enquanto você  aposentava eu nascia.
As mesmas vozes que lhe acalentaram,
Dão-me agasalho hoje,
Bebo na fonte dos mesmos acoites que lhe impulsionaram,
Vivendo as mesmas dores e esperanças,
Vencendo ao tempo ...mas a sua voz não vence ao tempo.