Marina Moreno Leite Gentile
Salvador / BA

O canto do pássaro Corruíra

Mudei de casa, de cidade, estou distante,
Sinto medo, espaços percorro em segredo,
Como eu, no breu, ele também acorda cedo,
O canto do corruíra apimenta a saudade.

Estática em meu novo leito, sem aconchego,
Sinto calafrios ao sorver os espaços vazios,
Em flagelo, sou apenas a platéia do vizinho,
A tristeza diminui com o canto do passarinho.

O corruíra parece que está entendendo a minha dor,
Perguntei a ele se cortaram sua árvore, seu lar.
Perguntei se veio comigo a sua tristeza compartilhar.
Da jabuticabeira ele voou para perto de mim.

Falta chuva, falta água. Confidenciou o passarinho.
E então disse a ele para não se preocupar,
Com as minhas lágrimas, por muito tempo,
Por muito tempo molharei o seu lar.

É Corruíra! A água é importante para sua árvore,
Para a agricultura, fábricas, para toda a humanidade,
Há muito tempo os nordestinos têm esta dificuldade,
Agora os paulistas estão vivendo esta triste realidade.