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Carlos Eugênio Sombra Moreira
Russas / CE

 

Filosofia poética


Minha alma é tão profunda quanto o mar
Mas também pode ser sutil como um beija-flor
Que em dia de sol causticante, paira no ar
Para sugar a seiva de uma singela flor
Rendendo-se aos anelos de quem não desiste de amar.

Minha alma é vasta como um rio caudaloso
Já conheceu os rios tão antigos quanto à existência
Banhou-se no Eufrates, no alvorecer da civilização
Não permitiu vencer-se pela simplória aparência
Mas ela não é perfeita: grita, chora e tem ambição.

Minha alma tornou-se tão límpida quanto às águas...
As mais profundas, que ocultam os mistérios da vida
Atravessou vales perdidos e renasceu na incandescência
Pecou, amargurou-se, sofreu e esperou cicatrizar a ferida
Mas não se rendeu a hipocrisia da medíocre aparência.

Já construí um muro que dividiu dois povos
E fui coadjuvante da derrubada dessa partilha
Pois minha alma banhou-se no Nilo e ergueu as pirâmides
Velejou em águas revoltas, enfrentou vendaval em alto-mar
Caminhou, por toda existência, em árduas trilhas
Viajou em noites turvas, mas nunca desistiu de sonhar.

O que seria de mim, sem a sabedoria da alma?
Ela já transgrediu as leis dos homens e da natureza
Vestiu diversas roupagens, que se renovam a cada viagem
Fui poeta, filosofo e morei numa cabana a margem do Congo
Hoje, avisto o pôr do sol e contemplo sua esplendorosa beleza.




   
Conto publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 111 - Abril de 2014