Rosemeire Stteffen
São Paulo / SP

Silêncio

Estava lá e eu não sabia, porque eu não via
E me disseram para que eu olhasse e visse
Então vi e olhei demais, tanto que entonteci
E caí num abismo de olhos, palavras e sons
Foi um mergulho num turbilhão de docilidades
Quando sai daquilo, estava toda espatifada
Aos poucos fui sendo regenerada erroneamente
Por muito tempo fui reordenando peças trocadas
Não entendi aquele confuso convite a emergir
Não entendi no momento em que tudo acontecia
Não entendi depois e ainda não entendo agora
Já não acredito que um dia entenderei o que houve
Só sei que aconteceu porque vi, senti e escutei
Escutei tanto, tantas palavras sussurrando talvez
Muitas bocas murmurando, mas da boca do abismo
Da língua enrolada em turbilhões, nunca uma palavra
Foi dali que esperei um som, era a única que importava
Mas daquela boca jamais sequer um ai, nem um arfar.