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Luiz Valério de Paula Trindade
São Paulo / SP

 

Eu que tanto amei

Amei tanto que a certa altura da vida,
Cheguei a duvidar que o amor pudesse de fato existir.

Eu que tanto amei, por diversas vezes,
Já estive tão perto de conquistá-lo em definitivo.
Mas teimoso como ele é, escapou-me mais de uma vez por entre os dedos,
Como areia bem fina.

Eu que tanto amei,
Já acreditei,
Já me iludi,
Já me feri,
Já me decepcionei,
Já me desesperei,
Já me descabelei,
Já chorei de alegria incontida,
Já ri de tristeza disfarçada,
E por que não admitir,
Já pensei em desistir.

Mas eu que tanto amei, me vejo ainda inundado por este sentimento
Que não segue a razão,
Pois tem vontade própria,
E só posso se levado a pensar em uma alternativa.

Eu que tanto amei,
Ainda hei de encontrar quem tanto amor queira também para si
Já que este amor todo não se cabe em mim!

   
Conto publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 111 - Abril de 2014