Eber dos Santos Chaves
Vitória da Conquista / BA

Amor além-túmulo

Ó destino de estradas sinuosas
Por onde trafegam desejos
Por onde sonhos se atravessam
E paixões motorizadas passam a grandes velocidades
Deixando para trás a poeira que sufoca que cega

E tu me pedes que siga adiante
Ainda assim me pedes que tome o meu rumo
Deixando-te ao relento à beira do caminho
Para que cuides do fruto do teu ventre
Fruto do amor não amado

Ó destino de muros intransponíveis
Por que despertas o desejo de assaltá-los
Se não há recostado a ti cordas ou escadas?
Por que despertas o desejo de transpô-los
Se não há em mim as asas da Harpia?

E tu me pedes que aguarde um longo tempo
Ainda assim me pedes que espere por outra vida
Deixando-te desabrigada ao sereno da noite existencial
Para que pagues todas as penitências
Fruto de um passado turvo

Mas pobre de mim
Que choro pelo amor não amado
Que nunca me embriaguei
Com o vinho
Das fábulas do amor além-túmulo