Lourival da Silva Lopes
União / PI

Metade de mim

Uma metade de mim eu andei;
A outra metade, não sei,
Talvez fique engarrafada nas ruas
Presa a vertigens e desencontros,
Impossibilitada de se mover
E chegar às esquinas
E conversar com pessoas
Carentes de diversidade.

Mas eu entorto a boca, sempre,
Quando vejo no caminho
Serpentes amarradas em pessoas
Que adquirem fogo pelas ventas
E lançam labaredas com as mãos,
Para enxotar abraços e desejos.

A minha outra parte –
Aquela metade que não sei –
Censura atos que enxotam desejos e abraços
E renasce a cada amanhecer.