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Helen de Rose
Sorocaba / SP

 

Interlúdio do coração

Ouço a tempestade vindo através dos ventos alvoroçados
os trovões aceleram as batidas do meu coração mediador
e o frio se transforma numa neve fina sobre os gramados
um coração perturbado não conhece a paz de um mentor.
Os cercados ainda tentam delimitar a liberdade perdida 
mas a tempestade opressora desarruma tudo num segundo 
e o meu coração me guia na escuridão e mostra-me a saída
enquanto os ouvidos ouvem as palavras vazias do mundo.
Ainda existe vida em mim, apesar do silêncio da minha voz
os tiros ainda acertam as crianças que não tiveram infância
e as mães mortas, são a morte onde a vida começou, sina atroz
as casas ficam abandonadas em seu âmago e nestas circunstâncias.
Tudo acontece num minuto, mas o coração é lento nas mudanças
sofre cada segundo que pulsa na alma ferida do seu sentimento
os ouvidos não querem ouvir, os olhos não querem ver as lembranças
e a saudade é igual a tempestade que nos tira a vontade do alimento.
Transições que chegam com os ventos alvoroçados e insensíveis
quando o inverno é longo, a neve congela as pequenas nascentes
mas o espírito tenta aquecer o coração forte com gestos possíveis
porque ainda há vida depois da tempestade e suas frias correntes.
As mudanças são aprendizados forçados, não desejo pra ninguém
os olhos escurecem, nossos ouvidos ensurdecem e a voz engole
o sofrimento em forma de tempestade vinda de algo ou alguém
os raios arrepiam a pele morna enquanto cada sentido nos foge.
O tempo nos diz que ainda há esperança depois das cicatrizes
o coração ainda pulsa, a vida está presente e conseguimos respirar
e se um dia a tempestade voltar, mais uma vez, seremos aprendizes
porque nesta vida só não vive quem jamais soube o que é amar.

 

   
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 119 - Dezembro de 2014