Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA
Pedaços de mim
Escrevo na noite perdida de meus instantes achados
A dor que se ausenta de mim mesmo
Escrevo nesta noite em detritos
A dor que me tira o sono
E me atira no abismo de meus pensamentos
Escrevo ouvindo sons que me levam ao deslizante sentimento
De que sou incógnita como todos os seres humanos desta frágil terra
Escrevo para tirar de dentro de mim a flecha que adentra o meu pensar
Furando meu mundo interior, cravando e escavando a filosofia
Da angústia de uma escrita que não consegue confessar-se
Escrevo com tantas incongruências que medeia todo percurso
Das escritas que almejam furar as palavras dentro de sua essência enraizadora
Escrevo com a dor de quem sente dor sem senti-la
Como quem chora sem lágrimas a cair
Como quem grita sem um sequer som produzido
Como quem parte sem mesmo sair do lugar
Escrevo com a força de quem necessita de força
Para sobreviver aos traumas que se escondem em nosso vasto mundo interior
Escrevo como um rio que foi sangrado em sua fonte
Como um mar que tenta desaguar as suas águas
Mas não encontra adequado lugar para jogá-las
Porque elas não aceitam mais seus fixos destinos
Escrevo sem a presença de um eu oprimido,
Fora do centro e sem margem
Apenas seguido por um instinto que adentra o meu ser
Fazendo-me dizer o dito, dizendo sem tê-lo dito,
Marcada por uma escrita congelada, mediada apenas por rastros
Sinais de uma escrita de sombra
(À professora Enilda, em 20/10/2014)
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