Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

Memória negra

Sons, rítmos e tambores
Ouviam-se nas senzalas
Tradições e cruzamentos
Moviam a gente na secreta escuridão
Palavras gritavam e sentidos se formavam
Na cosntante luta pela libertação

Crenças moviam estações
Danças libertavam corpos
Que caiam ao chão
E a história de sangue
Não sujou a página de muitos jornais
Mas tudo ficou gravado
Na memória desta gente
Que tece por finos fios de cristais negros
Seu passado de dor

Leis são criadas e direitos são concedidos
Aos negros desgarrados de seu primitivo solo
E quem ousará apagar da história
O traço da dor que fez este guerreiro povo atravessar o Atlântico
Sem se despedir da gente de sua Terra-Pátria-Primeira
África, mãe de todos os lares e pai de todos os lugares
Filha da Terra-Prenhe das sagradas mãos
Que tudo tece e jamais se esquece do sofrimento deste rico povo
Pela selvagem forma de se deformar a forma
De seu formato original
E depois de longos anos transformou-se
Em fonte preciosa dos jardins de todas as cores.