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Luiz Eduardo Martins de Oliveira
Rio de Janeiro / RJ

 

Imagem

Se após escalar o monte eu cair morto em pleno deserto,
 Sobre o vale árido, em frente à sombra da pobre miséria
E nessa pobre sombra eu ser o que eu não almejo,
Qual não será o peso a carregar se sei que na matéria
Quem nela semeia, colhe sua dor e o morrer é certo,
E eu posso viver sem tropeçar em pedras que são de Desejo?

Se após escalar o monte eu, enfim, não mais cobiçar
O deserto que em mim houver ser-me-á esperança
E eu mesmo a mim não me resistirei a ser constante
Assemelharei minha inteligência à fé como a quem alcança
O homem, que face a face vê, sem ter em si o azar,
Nem a pueril idolatria após subir, mas ser perseverante...

Se após escalar o monte eu tudo, então, resistir, sem ser confuso,
A imagem que de mim terei não será a mesma do espelho,
Quando ontem eu me via e me considerava um adulto,
Embora minha linguagem nem a mim servisse de mero conselho
Meu juízo era imperfeito, eu ainda era inconcluso,
Posso até dizer, que em mim, o homem, era-me oculto...

Mas após escalar o monte e eu ver o Sol com todo viço
Discirno o vale e o monte; a destra e a sinistra
E já não mora em mim, no homem, a ingenuidade
E já não vivo em vale nem ele em mim registra
A pobre miséria e sua sombra... Na dor não aterrisso...
E permanecem, em mim, a esperança, a fé e a caridade

 



   
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 124 - Maio de 2015