Wilma Sant’Anna de Souza Cruz
Rio de Janeiro / RJ
Querido poeta Solano
Ah, querido poeta Solano
Queria eu que estivesses por aqui nos dias de hoje
Com sua sabedoria, seus livros...
Não queria o esquecimento em que foste colocado,
Queria-te aqui indo nas escolas, nas Bienais,
Seus tantos livros emprestados pelas bibliotecas,
Expostos nos encontros culturais.
Foste pioneiro ao criar Centros de Consciência Negra.
Centro Cultural, Teatro Folclórico, Grupo de Arte ...
Queria que fosse rotina te encontrar por aí falando com as pessoas ,
Conhecendo o Solano poeta que sempre lutou pela independência da cultura negra,
Assistir tuas peças teatrais e ouvir poesias sobre os problemas sociais.
“Café com pão”, todos irão ler
E entender fácil o que é não ter o que comer.
Queria-te aqui nos dias de hoje
Para eu mesma te presentear com uma linda gravata colorida,
Para poderes sair e ver, caro poeta,
Que a vida ainda é difícil,
Mas tem gravatas de todas cores, de todos os preços
Para todos os gostos.
Negros como eu e tu trabalham, suam a camisa ,
Divertem -se, cantam, dançam...
Mas ainda somos discriminados, ainda somos excluídos .
No entanto, caro poeta, se te conhecessem
Teriam mais força para continuar,
Pois cada ser humano tem o direito ao seu espaço,
Sua identidade,
Tem o direito de te ter vivo ,
Mesmo que seja pelas histórias e livros.
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