Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

Finos fios onde habita Deus

Sou a areia que fecunda as profundas águas do mar
Sou o vulcão que chora quando a corrupção
Aumenta a dor do povo trabalhador
Sou o vento que sopra levando consigo
O sonho de tantos oprimidos a se realizar
Sou a ladeira certa a ser seguida, complexa fonte
Que alimenta os poetas em suas noites de cristais quebrados

Sou o verso que rasga e tece a vida sem graça
Dando-lhe a graça que completa a alma
Dos que sentem a vida como dádiva segura
Sou a “palavra certa” dos que pensam que sabem de tudo,
E da verdadeira vida nada sabem
Sou o que eu apenas sou
Uma semente que cresce nesta terra cheia de espinhos
Cheia de atos, fatos e artefatos, da poesia pedindo vida
Querendo produzir poemas e inscrever-se nas noites
Deste tempo que se anuncia,

Sou olhos bem abertos para enxergar de perto
Com o auxílio de microscópios deslizantes
A frágil vida dos que inocentemente dormem
E nem sabem que depois de um tempo
Entrarão na eternidade de voos secretos
Onde habita apenas signos infinitos
Feitos de puros fios de diamantes versos
Que jamais a história, a filosofia e a linguística
Conseguirão decifrar
Porque nestes finos fios habita DEUS.