Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

Natureza morta

NATUREZA morta, de tão vivas cores
Entrelaçadas no silêncio, por cima da mesa
No afã  indiscreto e indecente de orgasmos múltiplos.
Flores e frutos que atraem os olhares maldosos
De pessoas que mortas estão…não vivas.

Frutas petrificadas, objetos reciclados
A taça de vinho tinto fosco
Em perfeita harmonia se entretêm e se escondem
Na sombra alegórica da morte tão íntima
Na proximidade aparente de coisas.

No quadro etéreo, sob olhares eternos atônitos
Indiferentes, que na rua passam, sem olhar.

Qual tatuagem selvagem
Na parede nua e crua
Em crises…

Na singular aparência que engana sempre
Os sentidos cegos e exaltados
De pessoas que não encontram o próprio caminho
Que caminham apressadas
Mas que já morreram há tanto tempo…