Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Valdirene de Assunção Pereira
Caçapava do Sul / RS

 

A (ex) analfabeta

D. Anastácia quando jovem, nunca teve oportunidade de ir à escola, tão pouco ouviu falar sobre a escola, morava muito distante e o trabalho desde a infância, não a deixaram conhecer esta que faz parte de seus sonhos, mesmo quando está acordada.
Comprava algumas revistas, ficava admirada olhando,fixava o olhar nas figuras coloridas, demonstrando uma tristeza para cada página que folhava, como se em cada uma delas estivesse escondido segredos, vontades que não poderia confidenciar, nem tão pouco realizar, porém não se conformava com sua condição.
- Só não tive a oportunidade de aprender, ainda. - dizia ela.
Pedia às pessoas que lessem para ela, alguns faziam piadas, liam coisas que não existiam, somente para ver sua reação.
Sempre aceitava a leitura, acreditando ser por certo a verdade, mas tinha vontade de aprender, para poder ler sozinha.
Um belo dia, daqueles de capa de revista, daquelas mesmas revistas que D. Anastácia apreciava as figuras sonhando com a leitura, mudou-se para o lado de sua casa uma jovem moça, de olhos de cor esmeralda, lábios cor de pitanga, sorriso largo, com uma dentadura de dar inveja a qualquer porcelana.
Logo fizeram amizade, D. Anastácia como de costume, pediu para a vizinha que lesse uma revista que havia comprado a pouco, a moça admirou-se daquela senhora não saber ler, nem tão pouco escrever.
Prontamente a moça, foi oferecendo-se a ensinar. D. Anastácia ficou por alguns segundos ali parada, contemplando o convite, mas foi respondendo tão em seguida recuperou o fôlego.
- Quero sim, quero muito aprender. - suspirou D. Anastácia.
- Vamos então iniciar brevemente. - disse à moça que não tinha formação pedagógica, mas tinha paciência e muito amor, para ensinar.
Começaram devagar em uma cartilha cheia de desenhos e poucas letras.
A moça mostrava a figura, soletrava devagarzinho o nome, pegando em sua mão pesada, para que começasse a desenhar as letras.
Assim foi feito diariamente, por longos meses a fio.
D. Anastácia aprendeu a escrever seu nome completo, também a escrever o nome dos sete filhos e do seu esposo. Aprendeu a ler as revistas, a escrever a lista de compras para a feira e a escrever cartas para seus pais que moravam distantes. Ela aprendeu muito.
Hoje certamente D. Anastácia vai ler esta estória e vai lembrar-se da professorinha que a ensinou a ler e escrever.

 

   
Publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Edição Especial - Outubro de 2014