Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Vanessa Vieira
Armação dos Búzios / RJ

Amor, quando não se espera

Seis e meia e o relógio de Ana começa a dar sinal de vida. Cansada das comemorações do dia anterior a moça desliga o despertador e volta ao sono tão desejado. Sete hoje em ponto acorda em desespero. Atordoada por um daqueles sonhos reveladores feitos somente para dizer você está atrasado.

Ainda assustada salta da cama se enfia na roupa que havia usado na noite anterior, ainda bem que era caprichosa e soubera colocar a roupa em um local que não pudesse amassar tanto. Uma passada rápida no banheiro para sua higiene pessoal, outra na cozinha onde engole, com grande pesar, uma xícara de café frio.

Para sua imensa sorte o elevador que direcionava para a garagem do prédio estava travado, fazendo com que a moça dissesse 3 andares no elevado comercial, para depois pegar as escadas dois andares acima. Seu carro estava na garagem 3. A última do prédio.

Assim que consegue pegar avenida para o trabalho Ana percebe que aquele dia não fora feito para ela. Um acidente terrível tinha acontecido na esquina de sua rua, a chuva terrível não deixava que ela enxergasse nada na estrada e quando por fim, estava há três quadras de seu trabalho, a Escola Rio do saber, um carro desgovernado vem de encontro ao seu e a faz rodar 3 vezes na pista.

Ela estava de cinto, e ficou meio zonza com aquilo, mas logo o maluco do outro carro veio socorrê-la. Sem pudor nenhum Ana começou a falar e falar e falar até que o desconhecido cheio daquela gritaria falou mais alto que ela, fazendo-a estremecer.

_sua louca! O sinal estava vermelho para você, a culpa disso tudo é sua. E não me interessa se você está atrasada para o trabalho, eu também estou e vamos ter que resolver isso aqui agora.

Ana desesperada começou a chorar, sabia que se demorasse mais dez minutos seria despedida logo no seu primeiro dia de trabalho. Depois de muito conversar os dois decidiram dividir as despesas. já que ela tinha avançado o sinal e fazendo com que ele batesse na traseira do seu carro. Trocaram telefones e seguiram seus caminhos. Ela lembrando do rosto dele, e ele encantado com o rosto dela.

Ao chegar na escola, Ana se desculpou com a secretária que a acalmou dizendo que sua reunião com o coordenador seria ali uns cinco minutos.Tempo suficiente para ir ao banheiro e ajeitar o cabelo e retocar o batom.

Quando voltou à secretaria foi dirigida à sala da direção, pois como era de praxe na escola a primeira reunião com o coordenador tinha a presença do diretor geral da escola. Ana congelou ao entrar na sala. Deveria ter somente um rosto conhecido ali naquele recinto, o do diretor que a havia contratado, mas ela também conhecia o coordenador, era o idiota que havia batido no seu carro. Pois para não estender a conversa ela preferiu fingir que não o conhecia. Desculpou-se pelo atraso e seguiram para a reunião.

No final do expediente, calor, o coordenador abordou-a no estacionamento da escola. E antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ele sussurrou em seu ouvido.

- Obrigada por ter avançado o sinal! Vou a melhor coisa que aconteceu em minha vida.

Ela não teve tempo de responder porque ela foi embora deixando-a tão apaixonada quanto naquele momento em que a fez estremecer no meio da avenida...

A convivência desde então ficou cada vez pior, Ana não saía da cabeça de Carlos e era só nela que ele pensava. Um dia quando os dois chegavam para o trabalho, distraídos abriram a porta de seus carros e as duas baterão uma na outra fazendo com que levantassem seus olhos.

Quando se enxergaram começaram a rir e sentiram que não havia mais motivo para viver de rivalidades ou mesmo de ressentimentos. Se amavam silenciosamente há meses e naquela noite, puderam se entregar um ao outro e finalmente se conhecer melhor Jantaram em um restaurante perto da escola e depois passearam na praça perto de onde tinham se encontrado pela primeira vez. Sorriram, se beijaram e por fim se deixaram amar.

 

   
Publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Edição Especial - Outubro de 2014