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Neri França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

A lição do arco-íris

Era uma tarde fagueira, um calor diferente, sensação de sufocar a gente. Além do calor produzido pelo tempo de verão, havia o calor das crianças. Elas brincavam sem se cansarem. Tudo era novidade, estavam em férias na casa do Nonno. Parecia ser preciso brincar sem perder um segundo. Sentiam-se livres. Aos poucos o tempo foi fechando, ficou escuro. As nuvens negras tomaram conta do céu, que até então estava azul. O Sol luminoso, abrasador foi se esconder por detrás dos montes encoberto pelas nuvens.
As trovoadas, não tardaram se fizeram ouvir. Iluminavam o céu com relâmpagos ameaçadores. Com um pulo de gigante se conseguiria segurar uma nuvem, elas estavam muito baixas. E, a sensação é de que elas furadas pela pressão da mão derramaria a sua água sobre nós. Escuras, carregadas e, estavam enfurecidas. Porém as crianças no afã de correrem, brincarem não fizeram pausa, nem ficaram assustadas com a barulhada. Só interromperam a brincadeira para pedirem autorização, queriam ficar na chuva. Correrem e, se molharem.
Como era um dia especial, uma chuva de verão, estavam em férias, foi permitido. Como o Nonno disse:
- São Pedro, esta jogando bocha lá no céu. Deve ser com algum conhecido dele.
As crianças menorzinhas, o Gustavo, a Victoria chegaram a ver o lugar do Céu onde estava a cancha de bocha. Enxergaram até o São Pedro.
As maiores para não ficarem para trás responderam:
- Tomara que não cai nem uma bocha encima de nós.
As nuvens escuras, como se quisessem aliviar o calor sufocante despejaram aos cântaros a preciosa água.
Trovejou, choveu, alagou a terra. Ela aquecida num instante absorveu a preciosidade. Em alguns lugares mais baixos algumas poças se formaram. Choveu por alguns minutos. Foi o suficiente para tentar refrescar um pouco. Foi mais uma alegria para a criançada. Elas pularam, se jogaram com os pés descalços na água barrenta, expiraram o barro para todo o lado. Fizeram a festa.
Os Nonnos, felizes comentaram de quando faziam a mesma coisa. Um deles lembrou:
-No meu tempo era preciso fazer escondido, se não à mãe brigava, dava um bom castigo. Mesmo com os xingões, quando a roupa molhada e embarrada era descoberta, valia a pena. E, na próxima chuva a gente esquecia-se do castigo, brincava outra vez.
Essas crianças de hoje são mais felizes, podem brincar. Elas têm autorização, não são podadas naquilo que a criança tem de mais original, brincar e brincar. . .
Ser inocente, dar asas a imaginação. Se até a passarada depois da chuva bate as asas nas poças de água quanto mais os pequenos.
Logo após a chuva, o Sol brilhou com mais intensidade. Um arco-íris imponente foi avistado. Estava majestoso, bem colorido lá no fundo do potreiro, perto da sanga.
Uma delas, o Gabriel perguntou:
- O que é um arco-íris??
O Nonno respondeu:
- Eu já li que o arco-íris nasce de um lugar onde tem água, sobe até o céu depois faz uma curva, desce até a outra ponta ... São as gotículas de umidade depois da chuva que refletem a luz.
- Credo e qual é aponta que sobe e qual é a que desce? Perguntou a Giovanna.
O menina, deixa eu terminar. Como o mundo é redondo tanto faz. É só imaginar. . .
Dizem também que numa das pontas tem um pote de ouro enterrado. É só procurar que se acha.
- Então vamos até o arco-íris . . . falaram mais do que depressa.
Escutem essa:
- Eu já ouvi dizer que quem passa por baixo de um deles, se é menino, vira menina ou o contrário.
Credo!?! Então eu não vou.
Para tranqüilizar o Nonno falou:
- Só que ninguém nunca conheceu alguém que tenha trocado de sexo ou ainda quem tenha achado o pote de ouro. Por isso pode-se dizer que é só uma lenda.
Dizem também, que o seu nome provém da mitologia grega, de Íris a deusa que exercia a função de arauto divino. Em sua tarefa de mensageira, a ela deixava um rastro multicolorido ao atravessar os céus. Daí o nome Arco-Íris.
Quanta história. As crianças correram para se encontrar com a ponta do arco-íris. Cada uma escolheu a cor preferida:
- Eu vou escolher primeiro, como somos quatro dá quase duas para cada um.
À medida que corriam escolhiam as cores. Eu quero o Violeta, assim posso ser feliz, filosofou o Gabriel.
- Quero o Vermelho, a cor do Inter. Falou a Giovanna.
- Eu quero o Verde à cor da Esperança. Também o Azul é que é bonito, parece o céu e os olhos do Bô Bebe.
O Amarelo é a cor do Gira-Sol fica pra mim, disse a Giovanna.
O danado do Arco-íris parecia não querer ser tocado foi ficando mais longe, mais longe aos poucos foi se dissipando na abóboda celeste. Ficou apenas um raio de luz.
Nunca tinham visto um arco-íris. Correram, pularam não ficou nem uma poça de água sem ser pisoteada.
Voltaram, cansadas sentaram-se para o merecido lanche. A conversa continuou.
Comentam também que o Arco-íris é o sinal da Aliança, por que ele apareceu no céu depois do Dilúvio. E, Deus se arrependeu de ter castigados os homens, destruído a Terra. Ele prometeu nunca mais exterminar a humanidade.
Para lembrar essa Aliança feita entre Deus e os homens, o Arco-íris, também é chamado de o Arco da Aliança, assim sempre aparece depois de uma chuvarada. O Sol voltou a brilhar aquecer a terra, evaporar a umidade. Parecia até que as nuvens se formam quase no chão e vão subindo, subindo e se ajuntado umas com as outras. O vapor de água é bonito, se forma em cada poças de água. As crianças comentaram como é bom morar aqui nesse lugar com poucas casas e muito verde, mato, grama, flores. Agente vê tanta coisa que não se consegue mais enxergar na cidade, por causa de tantos prédios que tem.
Os menorzinhos mais receptivos as novidades, sem precisarem de muita imaginação chegaram a enxergar, os Anjos travessos, escorregando pelo Arco-íris brincavam de ver quem chegava primeiro numa das pontas. Voltavam voando para escorregarem outra vez. O Gustavo viu até o Anjo da Guarde dele brincando feliz.
Lembrou a Nonna já ter lido em algum lugar que enquanto aparecer Arco-íris o mundo não vai se acabar. As muitas cores, combinando são a mais pura magia, representam a alegria do Criador com o seu povo.
Ainda bem. Disse a espirituosa Victória:
- E, nos lugares onde não aparece o arco-íris, o mundo se acaba?
Deram boas risadas, porém ficaram preocupadas, lá na cidade, onde moram nunca enxergaram o arco-íris. Não avistam o horizonte.
O arco-íris anuncia que o Sol sempre volta a brilhar depois de uma chuvarada. Para completar os ensinamentos, os maiores lembraram que cada uma das três religiões Monoteísta, surgidas depois do Dilúvio, tempos depois da Arca de Noé pousar sobre o Monte Ararat, seria o símbolo da aliança, com todos os viventes de qualquer espécie que está sobre a terra e, por todas as gerações futuras.
O Gabriel lembrou ainda que na catequese aprendeu ser as três religiões: o Judaismo, o Cristianismo e o Islamismo, todas elas originadas com o patriarca Abraão.
-Parabéns falaram ao mesmo tempo os nonnos.
E, as crianças felizes, disseram:
- Brincamos, aprendemos bastante, hoje, com a chuva. Ainda depois dela, o lindo Arco-íris. Como é bom saber com as coisas acontecem...

 

   
Publicado no livro "Contos Ardentes" - Edição Especial - Janeiro de 2015