Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

Morada dos Deuses

É de um extremo fascínio a dança, o balanceio dos corpos que desafiam a gravidade.
Jogos olímpicos fazem-nos imaginar que entre nós há seres extra-terrestres maravilhosos, de corpos perfeitos, músculos delineados, verdadeiros Apolos e pequenas ninfas.
Quando uma dessas divindades adentra uma pista de patinação de gelo, minha alma deixa o meu corpo inerte sentado em uma poltrona e se realiza por inteira. É inacreditável aquela pirueta que a dançarina atleta executa em pleno ar. Seu corpo delgado, mas forte, rodopia, flexiona-se nas posições mais inusitadas, arrancando aplausos e gritos de alegria e de admiração.
E eu estou lá, feliz, com uma sensação de bem estar, de paz, por enxergar tanta beleza e por sentir um indescritível prazer estético.
Às vezes a dançarina recebe o suporte de um parceiro, que é senhor de uma masculinidade cavalheiresca, sonho de toda mulher. Ele pega a companheira pela cintura, olha-a nos olhos, como se lhe dissesse: - confia em mim. Ela acredita com todo o seu ser e a sensibilidade toma conta da bailarina que se deixa conduzir ao sabor da música que alimenta momentaneamente a sua vida. Porém a sua docilidade é aparente; ela possui vontade própria e sabe que a credibilidade há de ser mútua.
É o tempo da música que será eternizado com seus corpos que ardem, giram, rodopiam inúmeras vezes, abraçam-se e tomam posse da imensa pista de gelo e dos corações e mentes dos que julgam ou simplesmente assistem com prazer a apresentação.
E, quando já modificados e amadurecidos pelos anos, estarão na plateia, certamente, deleitando-se com suas crias que refazem seus rodopios e cada vez mais fazem parcerias deslumbrantes, com físicos e capacidades especiais, que aperfeiçoarão o DNA da humanidade.
O momento mágico findou-se. Retorno do sonho, mas o encantamento, as sensações e a experiência que minha alma viveu ficarão para sempre tatuadas em meu ser, elevando o meu espírito até o Olimpo, eterna morada dos deuses.