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Renato Lacerda Isquierdo
Guaíba / RS

 

A canção do bandoleiro

Os bandoleiros estiveram aqui nesta manhã.
Armas em punho, cheiro de sangue.
Uns patifes se esconderam, outros vieram ao salão.
Um violão dedilhando no fundo, uma nota perdida no ar.
Quem eram estes homens: caras fechadas, mãos pesadas.
A lua lá fora cantava a sua última canção,
O dia se assanhava, um violão dedilhando no fundo,
Cigarros e bebidas sobre as mesas.
Alguns homens correram, outros ficaram.
Rostos sombrios, olhares perdidos,
Os bandoleiros se aproximavam.
Um cheiro amargo no ar.
Lá fora, o sol já rachava, as pedras acordavam,
As mulheres imploravam por seus homens.
Os bandoleiros deram o primeiro tiro.
Um homem caiu no chão, o relógio parou de tocar,
Um violão dedilhando no fundo.
Os bandoleiros deram o segundo tiro.
Alguns homens se esconderam, outros ficaram no salão,
Um deles caiu, uma melodia alcançou o ar entre o azul do céu
E o amarelo do sol.
Nesta manhã sem fim,
Os bandoleiros acabaram com todos os patifes,
Mas um dos bandoleiros foi vencido,
Uma lágrima cortava seu rosto,
Uma música ainda tocava.
Por entre as mesas vazias,
Um violão dedilhava no fundo.
Lá fora, até as pedras choravam.


 

   
Poema publicado na Antologia "Canta Brasil!"- Edição Especial - Setembro de 2014