Mamede Gilford de Meneses
Itapipoca / CE

O destino sob conspiração

Naquela noite cheia de alegria
A brisa pôs à nossa disposição:
Luz, paz, amor e muita harmonia,
E o destino sob a conspiração
Fez armação em nosso caminho
Para dar vez a um cavalheiro:
Enciumado, desnudado de carinho,
Nenhum pouco educado e brejeiro.
Mas um da minha corriola
Alertou-me em tempo hábil:
"Cuidado Gil, ele está na tua cola
Expelindo peçonha de imbecil,
E tem na mão um vaso com gargalo
Selado e rotulado de o gostoso 'Bacardi'
Com o qual fará o galo
Que cantará no teu crânio, sem pedir"?
Então de olhos bem arregalados
Tirei do algoz a ousadia.
Ele correu as vistas nos quatro lados
Do Clube que dava com fidalguia
O grito primeiro do Carnaval...
E a mim, a jovem morena
De porte esbelto e sensual,
Talvez igual ao de Iracema...
Certamente alguma coisa mudou
E ilustrou o seio de nossa vida,
Todavia, guardo com fulgor
Cem porcento da seiva absorvida
Da flor que ainda perfuma
O ar que respiro, querida.

 (À sempre amada, Socorro Gaspar...)