|
Antologias:
atendimento@camarabrasileira.com Produção de livros: cbje@globo.com |
Contato
por telefone Antologias: (21) 3393 2163 |
Produção
de livros: (21) 3547 2163 (21) 3186 7547 |
Maria
Arlete Coutinho da Hora
Maria do Rosário Contavam as peças mais velhas de Mutuapira
que seu avô fora príncipe na África. Isso
explica seu ar altivo, mas, sua vida na fazenda do Tenente Desidério
Antônio não possuía nada de nobre. Negra de
dentro como sua mãe, sofria toda a sorte de estorvos e
maus tratos por parte de seus Senhores. Para fugir da dura labuta
na lavoura canavieira em morros de meia laranja, Maria do Rosário
trabalhava como uma besta na Casa Grande, além de ter que
aplacar os desejos mais obscenos de seu Senhor que a procurava
quase todas as noites na cozinha suja. Viu seu único filho
ser arregimentado pelo Tenente para alargar as fileiras de sua
Companhia e partir para a morte em Pirajá. Porém,
sua verdadeira paga pelos relevantes serviços prestados
àquela antiga e ilustre família portuguesa foi ter
seu ânus cauterizado com cera quente pela Sinhá,
partindo assim ao encontro de seu filho e dos deuses que cultuava
às escondidas.
|
Publicado
no livro "Contos de Coronéis (ou) Lobisomens" - Edição
Especial - Maio de 2014 |
|