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Mamede Gilford de Meneses
Itapipoca / CE

 

O preço da gratidão


Quando a nuvem vadiava no firmamento de meu coração decidi parar um pouco e submeti-me a providencial reflexão, e constatei que minha estada naquele recinto gerou preocupação às pessoas mais íntimas; principalmente em horário de almoço.
Aquilo não intimidou-me, ao contrário tangeu-me ao curso da realidade, e mais que isso, reprisou-me episódios de animosidades..., e
em bate-papo com um senhor a anos saido de nosso convíviu captei o ensinamento que segue: "Meu menino, a existência terrestre nos contemplou com a infância, puberdade, adolescência, juventude, maturidade intermediária, maturidade plena e velhice. Atualmente estou na última, e cheio de vontades...! Devo dizer-lhe que as citadas fases puseram no meu juízo a idéia de ser o aprendizado fruto de convivência em comunidade.
Destarte aprendi separar o joio do trigo, exatamente porque o farol do mestre mundo alumiou as trilhas de o meu calvário; por tanto seja você mesmo e nunca o outro".
Que conceito maravilhoso! A partir de então pus o pé direito avante, fiz algumas especulações, e ao fluxo da coincidência deparei-me com Robério Gaspar frente a "Casa Branca" do saudoso Dr. Perilo Teixeira, noticiei-o meu estado..., e ele convidou-me à conhecer o seu Restaurante localizado à rua José Romero da urbe itapipoquense.
Declaro que lá encontrei autênticos irmãos, e entre eles mantive-me como cliente mensalista por um período de década e meia em clima de paz, alegria e sabedoria...
A não fugir da regra, num instante em que Robério se preparava para chutar a bola no campo de uma farrinha, notadamente a sumir os transtornos..., travamos um diálogo, do qual tirei o extrato e compús os versos que resultaram no monólogo:
Erga a cabeça rapaz,
Você precisa sorrir
À então exibir
O que é capaz
De distrair o cliente,
Enquanto... espera
A porção que opera
A fome da gente.
Posso até lhe ferir
Mas me entenda:
Sua bravura desmedida
Serve para destruir
O senso de agradar
Quem lhe considera
E não está à pilhéria
Nem a especular...
Está certo doutor!
Sou assim mesmo
Mas não tenho cinismo;
Tudo faço com fervor
E atenção singular,
Para de fato atrair
O freguês a preferir
Um bom paladar.
O senhor é testemunha
Que meu lema é trabalhar
Para o herdeiro se formar
Numa escola de linha...,
E prestar juramento
À defender-me na hora
De a injustiça por ventura
Causar-me constrangimento.
Já lhe entendi amigo.
Convido ao "Criador..."
Ungir de paz e amor
Seu virtual abrigo,
E por felicidade
O fruto de sua semente
Obtenha realmente
Diploma de Faculdade.
Alheio a vontade que me nortea, na primeira semana de julho de dois mil e quatorze recebi "aviso prévio" verbal, cientificando-me da mudança de atividade pofissional de o seu proprietário, o qual discretamente denunciou-me: "Doutor, após quase vinte anos que eu e meus auxiliares lhe servimos, confidencio a necessária mudança que vai ocorrer nesta casa: meu filho Robegil a tornar-se independente financeiramente desafiou-me a ceder-lhe o ponto, à instalar outro ramo comercial, pedi tempo para pensar e no dia ideal dei-lhe o sim, e por questão de sobrevivência transferi-me para a "Fazenda", mas nos fins das semanas estarei a disposição dos amigos..."
A teoria converteu-se em prática, pois no sagrado mês, seu filho reformou o prédio e inaugurou o "Frigorífico Boi & Cia", localizado à rua José Romero, 44 - Centro da já citada Cidade, com perspectiva de prosperidade.
Acompanhando a dinâmica da vida contemporânea, dei-me por "satisfeito" e tornei-me cliente do "Ponto da Panelada".
À ser sicero, confesso que a mudança tocou-me profundamente porque lá é ignorado a diversidade cultural, pois falta: o vaqueiro, o aboiador, o tagarela, o pescador, o agricultor, o bêbado rico, o vendedor de panelada, o trocador de cavalo, o imitador de jegue, o comerciário, o rapaz alegre, a velhinha charmosa, a menina solidária, o homem misterioso, o maquinista ferroviário e o tinido afinado da garrafa, etc.
Ao preço da gratidão faço menção ao "Coronel Gaspar", que ao senso de folclorista..., baila tanto quanto dançarino de Forró pé de serra, e de forma especial à Cilene, à Neide, ao empresário Robegil, à doutora Renata, ao Guri e ao Senhor Robério.

(Menção honrosa a Francisco Robério Teixeira Gaspar)

 


   
Poema publicado no livro "Contos Livres" - Edição Especial 2014 - Setembro de 2014