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Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

Ouro Preto

Ouro Preto é a cidade que eu mais gosto de visitar. Já estive lá diversas vezes e apesar de ser um local onde  impera o “antigo”, paradoxalmente sempre encontramos algo “novo”, cada vez que o visitamos.
Ao longo do ano, existem numerosas festas e eventos culturais, que incrementam o calendário dessa localidade que já foi a capital do grandioso Estado de Minas Gerais, destacando-se o Carnaval, Semana da Inconfidência, Semana Santa, Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, Mostra de Cinema e inúmeras Festas Religiosas, num desfile de cores, cheiros e sons. Nessas ocasiões, a cidade, que já possui uma intrínseca vocação turística, recebe milhares de visitantes de todas as partes do Brasil e também de vários países do mundo.
Gosto de sentar no alto da escadaria da Igreja São Francisco de Paula, de onde se tem uma visão privilegiada de todo o  centro histórico dessa linda cidade que é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO. Na última vez em que lá estive, minha mente ficou divagando sobre o município, sua história, suas lendas, e em pensamento voei, fazendo-lhe uma homenagem poética. Tentarei então, descrever o que pensei:
  
“Que mais resta ainda a falar de ti, minha amada? Serpenteando por tuas ladeiras centenárias, chego quase perto do céu… nesse museu a céu aberto. As torres das igrejas chegam mesmo a roçar as nuvens. Os telhados de teu casario colonial formam corredores estonteantes, e almas penadas vagam de madrugada, por teus becos escuros.
Do alto dos morros, a visão aterradora dos abismos profundos, onde o ouro aflorava à flor da pele, ou nas entranhas da terra. Chico Rei divisa o real do imaginário e seus escravos alforriados agradecem assim mesmo. Afinal, se o que vale é a intenção, imagine um intento real!
No esplendor dos altares barrocos de tuas igrejas, quanto ouro…quanta riqueza, a preconizar o fim trágico da existência humana.
Nos chafarizes, água seca sempre a jorrar em abundância…As fachadas conservadas de teus sobrados, a contrastar opulência, com o descuido de teus irmãos mais pobres, mas nem por isso menos nobres.
Turistas estrangeiros, encantados  voltam para suas terras, fascinados com a grandeza do que restou do ouro que levaram; após provarem e se  deliciarem com os quitutes da rica culinária mineira e se encantarem o corpo furtivo da mineira faceira.E após conhecerem Aleijadinho, Tiradentes e tantos outros.
Há paz no ar, em meio às tuas montanhas. O Itacolomi, fiel companheiro de tua   jornada pelo tempo, eternamente de sentinela, a velar-te .Ouro Preto, és um espetáculo para todos os olhares…Que os governadores de agora olhem para ti e em homenagem aos governantes de outrora, cuidem com carinho de ti e vejam de quanto reparo precisas e lutem para te conservar. E que todos,solidários na amizade ou inimizade se unam para ate salvar!”

…Na lama podre, o ouro escoa livremente, confundindo-se com o escuro dela. Porém brilhante…brilhante ouro…ouro…ouro preto…Ouro Preto…

 
 
Conto publicado no livro "Contos Livres" - Abril de 2016