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Fausto Roberto Vedoy Barcellos 
Porto Alegre / RS

 

Pombo-correio

 

A história começa com um garoto filho de uma criador de pombos-correios. Seu pai é um general das forças armadas brasileiras. É um herói de guerra condecorado como valoroso combatente que lutou na primeira guerra mundial. Seu filho herdou a coragem de seu pai e vai segui-lo em todos os seus passos tanto na criação de pombos como em sua carreira militar.
Os pombos são uma paixão de seu pai que lê e estuda sobre os pombos-correio. As distâncias percorridas por eles, que podem chegar a voar cerca de 7000 km e voltar para o próprio ninho. Pai e filho ficam as tardes conversando sobre pombos.
(filho) —  por que os pombos-correios retornam sempre pro mesmo lugar?
(pai) —  é um mecanismo natural que eles têm, um resultado da seleção natural. Alguns animais são nômades, outros migratórios. Já os pombos-correio possuem uma moradia fixa e procuram voltar sempre para esse abrigo, onde encontram proteção, alimento e os membros de seu bando.
(filho) —  eu também sinto que nem eles, sinto que tenho que voltar para meu abrigo e ficar com os membros do meu bando. Eu aprendo muito com o senhor na criação dos pombos e acredito na importância que teve sua criação para comunicação entre os povos.
(pai) —  você acha que os pombos foram usados somente para paz? Em muitas vezes, talvez na maioria das vezes eles foram usados para guerra. Como uma forma de passar informações de guerra e estar sempre a frente nas batalhas. Como um recurso alternativo de comunicação.
(filho) —  eu sei, mas os pombos-correios não vão nunca deixar de ser uma crença de paz e harmonia, pois usam suas habilidades naturais e essenciais para se guiar.
(pai) —  os pombos acham seu caminho de volta pela visão, pela qual localizm o Sol e identificam sua posição (leste, oeste e norte); o relógio interno, por meio do qual identifica o período do dia (manhã, meio-dia, tarde, noite); e a memória, que ele utiliza para aprender a relação entre a posição do Sol e o horário. O Sol muda de lugar ao longo do dia: de manhã, indica o leste; ao meio-dia, o norte (no hemisfério sul); de tarde, oeste. Funciona como uma bússola.
Em meio a essas conversas sobre pombos-correios se passaram 13 anos. E o seu pai soube que seu filho fora chamado a se alistar para segunda guerra mundial. Como tinha acontecido com o pai, agora foi a vez de seu filho ir para guerra.
Estava ele com seus 22 anos e já estava pronto para cumprir sua missão de defender seu país na segunda guerra mundial, como fizera seu pai na primeira guerra mundial.
Então ele parte para guerra e lá chegando experimenta todo o sofrimento que uma guerra pode causar a um ser humano. E nada de glória e honra do que aprendeu quando criança nas conversas que tinha com seu pai. Mas nem tudo está perdido, na guerra ele encontra uma mulher por quem se apaixona. Mas sabe que essa paixão não pode durar, embora não seja de seu gosto que isso ocorra. Ele consegue vencer como seu pai a guerra e voltar para seu país, também condecorado como um grande herói. Mas mesmo assim cumprindo o destino da família e ser considerado como um herói de guerra. Ele volta triste da guerra por ter deixado sua paixão lá tão distante em outro país. E com isso em seu pensamento ele pensa em se comunicar com sua amada. E sabe que ela também sente saudades dele. E resolve fazer isso mandando uma mensagem por um pombo-correio. Mas ele conheceu e deixou em outro país a mulher mais linda que podia conhecer. Quando ele a viu pela primeira vez ele ficou espantado com tanta beleza. Deixou para trás, o que já estava acostumado a deixar mais uma mulher linda. Por que isso já fazia parte da sua vida mas deixou a mulher mais linda que podia conhecer dessa vez. Ela era magra, não muito alta com cabelos compridos com uma franja que caía sobre os olhos. Tinha um rosto perfeito e embora italiana tinha aparência de outra origem. E então ele resolveu escrever a mensagem e disse assim: Meu amor foi com tanto amor e sentimento que eu deixei você. Quando eu a vi sabia que não ia esquecê-la mais. Você foi tão importante para mim que quando a conheci não percebi tanta beleza. E te chamei de outro nome para me lembrar de ti. Talvez tenha de dado outro nome por que somos dois solitarios procurando a mesma coisa, o amor. Procurando o nosso ninho, o nosso bando. Como esse pombo-correio pelo qual eu estou te enviando essa mensagem. E ela recebeu sua mensagem e repondeu da mesma forma que ele enviou a primeira mensagem pelo pombo-correio. E os dois se falaram essa única vez e não se falaram mais. Mas essa mensagem que ela e ele receberam deixou uma profunda marca em suas vidas que fez com que eles nunca mais se esquecessem um do outro. E sempre lembrassem que seu amor foi trazido por um pombo-correio. Tanto pelas mãos da guerra, quanto pelas mãos do amor.

 

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos Livres" - Abril de 2016