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Afrânio José de Melo Junior
O homem quântico Um dia percebi que sou como um elétron vagando no espaço. Minha vida não tem trajetória definida: se espalha como uma onda, em uma distribuição de probabilidades. Já tentaram me analisar classicamente e quebraram a cara. Julgaram que sou tão comum e banal... Não é bem assim! Desenvolvam talvez a teoria mais complicada e difícil, nunca irão me compreender por completo. Aliás, nem tente me entender conforme sua filosofia pré-definida, porque você não vai conseguir. Sou estranho, talvez inexplicável. Tenho duas facetas. Consigo ter dois sentimentos ou desejos conflitantes ao mesmo tempo. Duas personalidades. Sou dual. Se pensa que estou indo para um lugar, vou para outro. Não tente antever meus movimentos e decisões. Não sou tão previsível assim. Se você sabe onde estou, não sabe onde irei. Se sabe onde irei, é porque não sabe onde estou. Posso me encontrar nos lugares mais proibidos. Não gosto de leis antigas, elas não valem nada para mim. Sou diferente. Sim, minha casa é o local mais provável de me achar em dado momento, mas não significa que estou sempre lá. Às vezes, dou de sumir por aí, e as pessoas nem sabem se estou vivo ou morto. Como um gato. Nunca estou certo de nada, sempre indeciso, mas isso já não me espanta mais. Afinal, só sou um ser humano que também faz valer o princípio da incerteza. |
Publicado
no livro "Contos Fantásticos" - Edição
Especial - Maio de 2015 |
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