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Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

Conto de ansiedade

Perto de casa, vejo-me solitária. Sempre quando meus dedos tocam nas folhas amareladas que caem na minha calçada, pessoas e nomes me vêm à mente. Declaro em minha fala interior que voltar do trabalho sem um amor me torna introspectiva. Talvez por isso me recorde tanto de amigos da infância: Jesus, Dadá, Assis, José Maria...
O que tem cabido dentro de mim é saudade. Quando em horas vazias pela noite, sei que o sono tarda... E, se por ventura, eu dormir, meus sonhos serão perdidos... Não há qualquer destino para mim... Seria um plano meu buscar um novo amor? Não, não. Meus passos sempre foram cegos nessa direção. Já sei que não funciona.
Ontem vi dois jovens no corredor da escola. Beijos nos lábios juvenis... quando amadurece a própria vida.  A alma deles devia de andar em voo. Também já estive de ser como os adolescentes que se lançam ao amor sem medos. É, a vida caminha para alguns!
Amei desde o início da juventude e corri veloz por entre as perdas. De que serviam tantas horas ao término de um amor? Para se buscar novo amor e se esquecer do velho. Eram tempos de rosas nas palavras...
Deve haver um florescer em um novo dia. Ora, ora!... Que adianta criar um pensamento assim? Daqui nem vejo a lua amarelar a noite!... E sei que ela está lá – cheia. Mas devo é continuar com o mesmo ritmo... Acordar, seguir para o trabalho e, às sextas-feiras à noite, ficar em casa...
Minha noite hoje é triste, de uma tristeza que me sufoca... Que me faz lembrar meu primeiro namorado. Erámos adolescentes, de onde os olhos apenas viam a ele.   E eu não sentia nada errado de ter uma foto dele entre meus pertences escolares. As meninas sonham de olhos abertos! Como o amei...
Ah, o relógio na parede!... Diante das horas que passam a madrugada me vem com meus pensamentos. Num anseio de quem tem medo de amar outra vez. A casa em silêncio. A rua também. Esqueço-me de seguir uma linha nas ideias. Cochilei? Mas será?!
Como somos? Meu coração é que vai batendo assim desgovernado... como pareço com uma mulher jovem que (será que sonhei?)... Agora é tão perto minha infância... a escola... um amor...

   
Publicado no livro "Contos de Outono" - Edição Especial - Junho de 2015