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Márcia Ayres Dugo
São Bernardo do Campo / SP

 

No compasso da depressão

De repente o coração parecia bater na cabeça...
A respiração ficou difícil, os pés não mais sustentavam o corpo...
A visão embaçou e tudo parecia girar... Girar...
Comecei a chorar e de mim queria fugir, mas o encontro era fatal! Com emoções, lembranças e desejos fugidios.
Queria palavras pra descrever, falar, escancarar ou até mesmo poetizar...
Talvez precise mesmo é fazer as pazes comigo e transformar tanta dor em poema...
Por que não?
Se me fazes doer são contas a acertar. A conta do tanto que me deixei machucar...
Diga-me como entender, por onde começar?
O céu, o sol e a lua... Todos testemunham minha dor, que parece embrulhar o peito.
Sinto vontade de acolhimento...
Olho-me com ternura e começo a ter mais paciência com o meu ritmo.
Quero-te fora de mim,
Mas como se de mim fazes parte?
Não te quero dentro de mim, mas como, se aos poucos eu te plantei aí, bem aí onde me cutucas?
Ai... Como aperta o meu peito...
Deixe-me respirar, para que consiga ao menos pensar.
Olho ao redor e percebo que dá pra contar em uma mão... quem se importa com meu sorriso... Quem dele sente falta.
E penso:
Que bom que dá pra contar...
Um suspiro profundo, na tentativa de desatar os nós que fiz em meu peito.
Uma luz...
Se de dentro pra fora está muito difícil, tentarei o contrário...
E buscando forças onde já não acreditava, iniciei algumas atividades físicas, as quais, muitas vezes, eu praticava banhada em minhas lágrimas...
Respiração difícil, coração acelerado, nada poderia me deter, porque estava determinada a ficar bem de novo...
Por onde a dor me entrou não sei, mas começava a perceber que não precisava preocupar-me com sua saída, mas sim em permitir-me entrar momentos de prazer, de felicidade...
Pensava que me inundando de luz, a escuridão da dor se iluminaria e aos poucos, além de aprender mais sobre o meu interior, mais equilibrada e feliz estaria...
Apenas uma questão de tempo e opção, pensava eu, uma vez submetida a tratamento médico, família e em perfeitas condições físicas e mentais, pra que permanecer sofrendo?
Escolhi ser feliz!
Hoje, ainda em tratamento e com algumas dificuldades, sigo tateando um caminho que me faça mais, muito mais feliz do que já fui um dia.
Em meio aos altos e baixos aproveito cada momento pra me aprender, e me ajudando eu prossigo e prosseguirei, enquanto respirar, seguindo no compasso que der pra seguir.
Estar deprimida é apenas um estado de espírito, não há que ser traço determinante de quem quer que seja... Apenas mais uma luta a ser travada, em meio a tantas outras...
Tudo nesta vida passa...
Fechei os olhos e me vi no escuro,
Abri e vi a luz...
Assim deve ser, sofrer faz parte, mas apenas o necessário, pois que não podemos nos esquecer de que basta abrir os olhos, que ela, a luz está ali onde sempre esteve.


   
Publicado no livro "Seleção de Contos Premiados" - Edição Especial - Junho de 2014