Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ
Paixão à primeira vista
Era uma vez. Não, não era uma vez. Uma história surreal não pode começar por "era uma vez". Então "um dia". Também não! Tudo é clichê, é gancho para iniciar um conto. Mas como iniciá-lo? Iniciando, ora!
O casal de bonecos meio bizarros, ornamentava a entrada daquela tenda itinerante de show de marionetes. Ela sempre era armada no meio do campinho de futebol da garotada.
Duas pequenas de aproximadamente quatro anos, a Maria Monserrate e a Eliane eram vizinhas e foram assistir ao show. Muito felizes da vida, com suas respectivas acompanhantes. A primeira com a sua tia e a segunda com a mãe.
Aí aconteceu a paixão à primeira vista: Maria e Eliane quando viram o casal de bonecos em cima da porta de entrada, se encantaram imediatamente. Mais particularmente pelo boneco: negro brilhante, de boca vermelha, de olhos redondos onde realçava a parte branca. Vestia terno azul e gravata vermelha.
-"Eu quero ficar aqui, titia." Disse Maria.
-"Eu também, mamãe." Falou Eliane.
A tia e a mãe não entenderam logo o porquê. Na realidade não queriam assistir ao espetáculo, mas sim, sentar-se na grama e admirar aquele boneco feioso, porém muito simpático.
As acompanhantes já haviam comprado as entradas. O show já iria começar e as menininhas empacadas, discutindo de quem seria a marionete, pois estavam decididas a levar o objeto da paixão para casa, custasse o que custasse. Não arredam pé. A tia e a mãe estavam ficando nervosas, pois perderiam os ingressos.
Até que a tia achou uma solução: "-Vamos entrar, pois tem um boneco igualzinho a ele lá dentro e vai cantar, dançar e conversar com vocês. Vai ser muito divertido!
Foi a salvação! As crianças acreditaram e concordaram em assistir ao teatro de marionetes.
Mas não é que havia uma marionete igual a que estava do lado de fora?
Maria e Eliane ficaram felizes e duplamente encantadas com tudo a que assistiram e se divertiram a valer naquela tarde de domingo. Viva a infância e também os teatros itinerantes que levam cultura às cidades interioranas.
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