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Neiva Teresinha Paludo Chemin
Chapecó / SC

O silêncio da montanha

Tangem os sinos da capela, lá no alto da montanha coberta por uma vegetação rasteira.
Subindo em uma trilha solitária, caminha Manuelita...
Vai tocando, com as mãos singelas, florezinhas silvestres: cada uma com sua cor, algumas tão minúsculas e perfeitas!
De onde vem tanta delicadeza? Nascem, somem... E voltam outra vez. Quantos segredos a natureza esconde! E assim o pensamento baila...
Chega à capela solitária, no alto que quase toca as nuvens. Os últimos raios do sol ainda brilham.
Manuelita ajoelha-se na entrada do santuário e reza. Ao mesmo tempo, lembranças do passado a levam para longe... A distância a separa do grande e imenso amor de sua juventude.
- Pablo, onde estás? Que saudades? - Lágrimas molham seu rostinho delicado.
- Notícias? Onde? Aqui é bem longe... Muito longe... Isolado...
O vento frio começava a soprar. E seu coração também a sonhar.
Passaram-se anos... E o semblante de Pablo era constante: seu abraço, suas carícias.
- O amor verdadeiro é uma chama que nunca se apaga... - Assim murmurava ela baixinho.
Voltando para o casebre no pé da montanha, entrou. Sentou-se ao lado do fogo. Sua mãe estava passando café.
- Filha, estás triste?
- Não, mãe. É só saudade...
Quase todos os dias, Manuelita fazia o mesmo caminho. Subia pela trilha até a capela deparando-se prazerosamente com pequenos pássaros cantando e bicando as deliciosas amoras silvestres, dividindo assim o doce mel com Manuelita.
Encanto e divina paz nesse lugar... 
O alegre cantar da corruíra e o imponente cantar do uirapuru eram o prenúncio de plena harmonia no círculo do amor.
Estava ela ajoelhada a rezar, no silêncio do lugar... O cheiro da mata... num entardecer nostálgico quebrado apenas pela sinfonia de grilos no brejo. Sonhos vão e voltam sempre com maior intensidade. Envolta em seus pensamentos fazia suas preces no alto da montanha, quando sentiu uma mão em seu ombro e uma voz dizendo baixinho:
- Estou aqui, meu grande amor.
Abraço, palavras vindas do coração... E o murmúrio: Meu doce e eterno amor.


 
 
Conto publicado no livro "Contos de Verão" - Março de 2016