Teresa
Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI
A lagarta que viu o sol
Era uma lagarta pequena, pequena, que morava na mangueira. Vivia
presa ao tronco para ficar perto das outras. Mas à noite,
sempre passeava dentro de uma folha, que fosse linda e aconchegante
e sustentada por um galho bem viçoso.
Realmente do que ela mais gostava era de uma folha macia, como
um tapete novo, para acamar os pares de patinhas. Seus pelos eram
grandes e brancos que ficavam cuidadosamente em pé, como
para esconder um pouco do verde da pele.
Durante as noites, sentava-se no meio de uma folha, espichava
mais ainda os pelos, esperando que ficassem como espinhos sedosos,
talvez por isso fossem frágeis. E, após comer um
pedaço da folha em que estava (Haveria comida melhor? Não
conhecia.), suspirava e caminhava: patinhas para um lado, patinhas
para outro lado... Era uma graça!
Quando enchia a barriguinha, deixava-se ficar dentro de uma folha...
O sorriso largo no rosto, conversando com as outras lagartas.
E ficava quieta, ouvindo o nascer do dia, quando assim caminhava
até o tronco da mangueira com seu grupo de amigas.
Então, houve uma noite que passou veloz e trouxe o dia
num piscar de olhos... E a lagarta ficou um pouquinho mais deitada
na folha...
_ Esta folha tão boa! Vou dormir só mais um minutinho...!
E ficou mais tarde... Há como o sol chegou quente!... Alguns
galhos sem folhas deixaram passar os raios... Que vieram como
filetes brancos, bulindo em todos os lugares... Seguiram pelas
folhas que estava a lagarta (bem encolhida comprazendo-se da maciez
de uma folha...) e foram aquecendo-a... Que seus pelos ficaram
como fogo...
A lagarta esticou as patas de súbito: quase caiu da folha!
Por sorte, seus pelos ajudaram-na a ficar presa (quem os tocasse
veria um líquido muito viscoso)... E ela levantou os olhos:
tons de madeira, de galhos secos... e assustados... sem compreender...
_ Fogo, fogo, fogo...
Suas patinhas sob um corpo mole voltaram para o caminho do tronco.
Os olhos corriam de um espaço a outro, buscando um percurso
mais curto. E ela se foi, rebolando, rebolando, erguendo bem os
pelos, sobre o tórax.
Se ela detestou o sol? Ela corria rápido, pelo medo dos
raios do sol. Mas podia-se ver o brilho reluzente nos pelos sedosos,
como se soltassem fogo.
E já de volta ao tronco, vagarosamente a lagarta foi se
acalmando e deitou-se quieta.
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