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Nayana Feitosa Lacerda Canuto
Acopiara / CE

 

Doce noite




Hoje é o dia do acampamento organizado pela escola. Os professores estão colocando todos nas topiques, apesar de serem pequenas, possuem cadeiras de três lugares. São muitos alunos, mais apertando um pouco se acomodaram todos. A viagem era longa, ao meu lado direito estava Mauro meu amigo, e no meu lado esquerdo estava Sérgio, o menino mais gato da escola.
Durante toda a viagem percebi que a todo o momento Sérgio dava um jeito de ficar tocando em mim. Mauro nem percebeu nada e passou parte da viagem dormindo, só Sérgio e eu estávamos acordados. As luzes do ônibus estavam apagadas, quando senti uma mão deslizando sobre mim. Mas não era a do Mauro, pois a mão vinha da outra cadeira. Será que era o Sérgio, não, não poderia ser ele. Então uma voz disse:
- Você é muito linda. Tão maravilhosa.
Fiquei espantada, era o Sérgio, mas como, ele nunca demonstrou nenhum interesse por mim. Principalmente porque eu não fazia o tipo dele, baixa, uso óculos e aparelho dentário, nunca ele iria olhar para uma garota como eu. Então perguntei:
- Você está brincando, não é?
- Nunca falei tão sério!
E suas mãos continuavam a deslizar sobre meu corpo, eu não sabia o que fazer, pois ao mesmo tempo em que estava adorando aquela situação, temia acordar o Mauro ou alguém do ônibus. Mauro era meu melhor amigo, não era lindo como o Sergio, mas ele dizia que gostava de mim, apesar de que nunca ficamos, não queria magoá-lo, e o Sergio era o garoto de consumo que toda menina queria, lindo, musculoso, moreno , alto, olhos claros, perfeito.
- Isso não pode está acontecendo! - Eu falei.
- Todos estão dormindo, ninguém precisa saber disso.
Suas mãos agora subiam e desciam sobre minha pele. Nossa meu corpo queimava! Nesse momento Mauro acordou, mas Sérgio não parava com suas carícias provocantes.
- Algum problema Isa? Não consegue dormir? -Perguntou Mauro.
- Não é nada Mauro, são só os mosquitos me perturbando, logo dormirei. Durma, não se preocupe comigo.
Mauro, porém, parecia que tinha perdido o sono e começou a conversar. Ainda bem que as luzes estavam apagadas, pois Sérgio ainda continuava. Eu já não estava mais agüentando, queria beijá-lo, então cortei o assunto com Mauro e disse que iria tentar dormir e era melhor ele tentar dormir também, pois iríamos acordar os outro com a nossa conversa. Nesse curto espaço de tempo Sérgio continuava, agora ele beijava meu pescoço, meu corpo. Mauro ouvia seu mp3 e tentava dormir novamente, e Sérgio não parava, quanto mais eu dizia para ele parar, mais ele continuava e intensamente, sem parar.
- Não se preocupe, ele está dormindo, eu sei que você está gostando! Vamos matar esse desejo, ninguém precisa ficar sabendo.
- Não sei o que fazer, mas continua Sérgio, não pára, não pára, continua...
Nesse momento eu me segurava para não gritar, Sérgio não parava, suas carícias estavam esquentando, até que não agüentei e soltei um grito:
- Não pára, vai, vai... Continua!!! - Eu gritava
Nesse instante todos riram. Quando voltei a mim, percebi que eu estava no metrô a caminho de casa ao lado de um velhinho que olhava para mim espantado.



   
Conto publicado no livro "Contos de Verão" - Edição Especial - Abril de 2014