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Neri França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

Os sapos numa noite de verão




Era uma vez, numa tarde de verão, muito quente, com um sol abrasador. O astro-Rei resolveu dar as caras, depois de uma semana de chuvas intensas. No jardim, da casa cor-de-rosa, uma família de sapos faziam a festa. Eles moravam perto da torneira usada para molhar o jardim.
Não era só uma família pai, mãe e filhos era um verdadeiro clã. Os pequeninos sapos-bebê, como diz o Gustavo, para as coisas pequenas, estavam felizes. Saltitavam, apostando quem pulava mais distante. As crianças-sapos brincaram até cansarem. O vovô-sapo chama-as para o lanche da tarde. Ele havia achado um ninho de aranhazinhas, bem apetitosas, estavam tenras, prontas para serem degustadas.
Os sapinhos famintos não esperaram serem chamados, duas vezes. O vovô, explicou ser sempre preciso agradecer pelo alimento, pois há tantos sapos que passam dias sem terem o que comer. As crianças fizeram uma prece, agradecendo ao Pai do Céu, a farta iguaria. Num instante não tinha mais nenhuma aranha para crescer.
Os sapos formavam uma família muito unida, gostavam de estarem juntos. Para não saírem pulando logo depois de alimentados fizeram uma roda, foram ouvir uma história contada pela vovó sapa. Toda animada assim ela falou:
- Naquele tempo, quando os brejos eram abundantes, havia muito alimento para todos os anfíbios. Numa noite de lua cheia, programaram um concurso entre os jovens. Era preciso encontrar o que fazer já que não era preciso procurar alimento. Eles iriam disputar quem coaxava mais alto, quem tinha a música mais melodiosa. Fazia-se necessário conquistar as meninas!
Sapo que se preze passa a noite coaxando.
Foi até difícil para os jurados, pois os belos rapazes ficaram cercados de bonitas jovens. Todas queriam garantir uma prole saudável. O futuro dos senhores sapos estava garantindo. Como eram muitos foi difícil para os morcegos encontrarem pelo som o manjar da madrugada. E também sapo tem duas vidas, por isso se chamam amphibia que quer dizer vida dupla.
Na noite seguinte, a lua continuava dando seu espetáculo, só ela é capaz de tanta beleza, foi a vez do concurso para os adolescentes.
Ganharia o sapo ou a sapa que chegasse mais rápido. O pulo mais bonito também seria premiado.
Fizeram até um palco. Num lugar alto da lagoa onde havia um amontoado de pedras. Determinaram a distância. Os jurados se posicionaram numa folha de um pé de Adão.
Divertiram-se muito.
Alguns sapos - meninos na ânsia de fazerem ligeiro pulavam fora, assim eram desclassificados. As sapas--meninas, eram muitas queriam fazer charme esqueciam-se do tempo usado para a classificação, não chegavam na hora marcada.
O dia já estava dando os primeiros sinais de aurora, quando tudo então clareia, entregaram o troféu aos vencedores. Foi uma festa.
Disse a vovó-sapa:
- Tenho saudades daquele tempo. Quando as águas eram límpidas. Havia alimento para todos. As famílias eram grandes.
Éramos felizes, mas não sabíamos. As crianças tentaram imaginar o Jardim do Éden dos sapos nos tempos idos.
Assim marcaram uma noite quente de verão para fazerem serão. Os dois sapos mais antigos iriam contar como era naquele tempo. As histórias eram passadas de pai para filho. A saparia foi se achegando, ocupando os melhores lugares.
Afinal os anciões do grupo prometiam uma noite memorável. Relataram-nos:
- Os anfíbios surgiram há cerca de 350 milhões de anos, no Devoniano, foram os primeiros animais vertebrados terrestres. Somos importantes, pelo tempo que estamos presentes no planeta.
Em relação aos peixes, pois eles foram antecessores, os anfíbios possuem menor dependência da água, contudo ainda não representam seres verdadeiramente terrestres, tendo a necessidade de viver em locais úmidos mesmo quando adultos. Precisam da água para pôr os ovos, para nascerem, realizando assim a metamorfose.
Outra coisa interessante é a nossa língua. Os sapos caçam insetos em pleno vôo, utilizando a língua, ela é presa na parte da frente da boca e não na parte mais interna. Quando esticada para fora da boca, a língua alcança uma grande distância, além de ser pegajosa, facilita na captura da presa.
Os nossos ancestrais já foram amados. Transformando-se em belas histórias, como o Sapo que virou Príncipe.
Ao mesmo tempo também odiados. Somo usados para bruxaria. Muitas pessoas tem medo de nós por que alguma espécies possuem veneno.
É preciso saber aproveitar os brejos que estão desaparecendo. O mais bonito é o coaxar dos nossos jovens numa noite quente de verão. Uma verdadeira orquestra.
Penso eu, disse o sapo ancião ser essa sinfonia ter motivado os humanos para eles inventaram as suas orquestras.
Podem viver longe de uma lagoa. A pele deles busca a umidade nas folhas, gramas, por isso não precisam tomar água. Muitas pessoas procuram ter um sapo no jardim ou na horta. Eles comem insetos como as moscas as larvas de vários bichinhos, baratas pernilongos, formigas, pulgões, lagartas. A inda as lesmas, aranhas, minhocas. Somos amigos da maioria dos humanos. Controlamos a população de insetos e outros invertebrados que causam prejuízo na agricultura e transmitem doenças. Devíamos ser protegidos por lei.
Vencidos pelo sono, com os primeiros raios, marcando a aurora de mais um dia, os sapos foram pouco a pouco, se retirando. Cada um procurando o seu lugar, que fosse bem fresquinho para nele passarem o dia dormindo.
O anfitrião agradeceu aos sapos-anciões verdadeiros guardiões da sabedoria. Foram então todos descansarem.



   
Conto publicado no livro "Contos de Verão" - Edição Especial - Abril de 2014