Márcia
Ayres Dugo
São Bernardo do Campo / SP
Silêncio
Em uma manhã ensolarada
É possível sentir o cheiro do mar em cada canto,
em cada sonho...
Tudo fica mais quente, vibrante...
Fascina-me estes tantos olhares perdidos no nada...
Tanto fica latente.
E neste presente há tanto o que provar... O que gostar...
Quero o inteiro em tudo,
Em tudo os meus pedaços vão se ajeitando e compondo.
Cresce em mim a vontade de te tocar,
Onde mora o inatingível em você.
Imperceptivelmente vou chegar e quando dentro estiver serei guiada
por tua vontade de querer descobrir junto comigo, onde se escondeu
o sonho que te levou daqui.
Vejo-te caminhando e os teus passos parecem chorar o chão
que os teus pés querem fugir.
Teu sorriso lembra o sol escondido em um dia nublado...
Sua voz camuflada quase não se ouve, esganiçada
por uma dor que tenta fugir pelo teu olhar... E eu ouço
tudo em você pedindo sangrar, até que toda dor cesse.
Quero te abraçar e em meu colo tua cabeça deitar...
Acarinhar teus cabelos como se estivesse a contar um a um todos
os fios, como se deles pudesse lágrimas verter e assim,
lágrima a lágrima esvaziar-te de toda dor.
Dor ensurdecedora em seu silêncio aterrador. Que clama um
socorro divino, já que não crê na possibilidade
de outro humano sofredor atenuar tanto sofrer.
Quero te olhar até os teus olhos descortinar, para que
além da tua dor possas o mundo dentro e fora ver... Além,
fora e dentro tu também existes muito além deste
ponto.
Sim, sempre existiu o antes, depois e o além... E tudo
cabe dentro de um.
Um de nós pode chegar aí onde você se escondeu,
te encontrar e te trazer de volta, mas é preciso que o
teu pensamento queira fazer a viagem de volta... Daí onde
você se escondeu.
SILÊNCIO!
Encontrei-te!
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