Lourival da Silva Lopes
União / PI

Tirania

Os sentimentos me mordem,
Me corroem, me aprisionam
Dentro de mim, feito camisa de força
Enrolada em minh’alma.
Tento desbloquear-me,
Ligo o alarme eletrônico,
Mas minhas veias não conseguem respirar
Por falta de adrenalina e oxigênio.

Então me jogo do último andar
Da carruagem, sobre as pedras
Que se movem no asfalto
E que amparam minhas dores madrigais.

Esses sentimentos que me mordem,
Que me corroem e que me aprisionam
São, na verdade, os enfados da vida
Que me possuem tiranicamente
Muito antes do romper da aurora,
Antes mesmo de eu ir embora
Para me encontrar com as sete estrelas
Da constelação da Ursa Maior
E lá repousar.