Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

Visível sentido invisível

Desmanche natural, sobrenaturalmente desumano
Signos arrancados de um lugar sombrio
Que o sentido não consegue decifrar por completo
Em suas linhas de escritura fugidia
Contaminadas por águas de um tempo liquefaz
Construída por um passado que não passa,
Que corrói a vida das testemunhas do “grande mal”,
Imagens que assopram sons delinquentes e perdidos
Num macabro lugar inabitável de gente.

Sombras, sinais, delírios, restos de sons, letras, discursos
Que tentam sob o suicídio da dor
Expressar-se em forma de palavra viva e crua
Na voz de quem não consegue falar
Apenas desliza-se numa estranha movência
Munida por secretas ruínas do pensamento.

Como um rio que nunca dorme
E como vulcão em constante erupção
Devoram os signos que não conseguem
Se libertar de suas sombras escuras
Não se firmam, nem se tornam presentes
Atrofiam-se em sua frágil condição de fantasmas
Sendo apenas visível pela imaginação
Que ronda os olhos daqueles que viram o horror
Em sua máxima representação, holocasto do mal
Catástrofe que manchou de sangue
E interrompeu pra sempre a contínua história
Da humana forma de ser gente.