José
Antonio Silva Santos
Macaé / RJ
A saga de um vampiro - 1
Em 1736, aportava no Rio de Janeiro um navio a vapor vindo de
Londres, entre outros, desembarcou uma família de comerciantes,
o Sr. Adams Ferdynan White, que descendia da nobreza inglesa,
com sua esposa a Sra Chalise Eliot Bourn, uma Norte-Irlandesa,
acompanhados do filho Victor Bourn White, de apenas um ano de
idade.
O casal se conheceu num período em que Adams passava férias
na fazendo de familiares em Norfolk. Uma ruiva linda chamou a
atenção do rapaz, foi amor à primeira vista.
Chalise era uma refugiada da guerra, e fora trazida para fazenda
com apenas cinco anos de idade, onde era tratada como se fosse
da família. O rapaz passou a ser presença constante
no local, a família via apenas como um divertimento de
jovens.
Na ocasião, o pai de Adams recebeu o Título de Conde
Ferdynan III, juntamente com o compromisso de dar continuidade
à união da Inglaterra com a Dinamarca. O Conde teria
que casar seu filho com a filha de um Conde Dinamarquês.
Ao tomar ciência do rumo que sua vida teria que seguir,
Adams foi procurar sua amada sem saber bem como lhe dizer tudo
aquilo, antes mesmo de abrir a boca, foi recebido com um longo
e apaixonado beijo, a seguir, recebeu a noticia que mudaria completamente
sua vida, a da gravidez de Chalise, isso o fez esquecer-se do
verdadeiro motivo que o levou a fazenda aquele dia.
Adams com e a linda Mary Elizabeth Frouchen se conheceram num
jantar oferecido pela família da noiva na Dinamarca, ela
também não demonstrava muita felicidade com o casamento.
Ao voltar para casa, o rapaz resolveu fazer alguma coisa para
mudar o destino que preparavam para ele, então comunicou
aos pais a gravidez de Chalise, foi um alvoroço no início,
mas depois ficou decidido que ele se casaria com Mary Elizabeth
e manteria o romance com a outra longe dos ouvidos e olhos da
esposa.
Chegou o dia do casamento, foi uma festa muito pomposa para a
nobreza Inglesa e Dinamarquesa, o qual contou com a presença
de várias autoridades do mundo inteiro. Após a cerimônia
Adams simulou um mal estar para evitar a intimidade com a esposa,
isso se repetiu por varias noites, até que a família
dela resolveu intervir por estarem preocupados com a não
consumação do casamento. Pressionado, ele teve a
ideia de aproveitar a escuridão do quarto para colocar
um fiel empregado em seu lugar. No dia seguinte, Mary Elizabete
esbanjava sorrisos, pois julgava ter passado uma romântica
e ardente noite de amor com o marido, o que foi repetido por muitas
e muitas noites. Logo foi anunciada a gravidez da feliz mulher,
justamente na mesma semana em que nascia o filho de Adams e Chalise.
Adams planejava fugir com sua amada, ouviu falar do Brasil através
de um marinheiro que acompanhava a Família Real Portuguesa,
um país desconhecido e muito promissor, começou
então a transferir suas riquezas para o Rio de Janeiro.
Sem aviso prévio, Adams e Chalise e o pequeno Victor desapareceram
da Inglaterra.
O verdadeiro pai do filho que Mary Elizabeth esperava, resolveu
confessar toda trama, o que lhe custou à perda da própria
vida. O Conde Dinamarquês exigiu que Adams fosse caçado
e decapitado, assim como, a mulher que havia provocado tudo aquilo.
O filho de Mary Elizabeth nasceu e lhe foi tirado sem ao menos
ver o rosto da criança. Os Frouchen descendiam de poderosos
bruxos que foram banidos da Inglaterra na idade média,
devido suas ações violentas, nem Mary Elizabeth
tinha conhecimento disse lado negro da família, certamente
eles buscariam vingança.
No Rio de Janeiro, Adams seguia numa vida próspera com
sua família, eles tiveram mais duas filhas, Victor com
seis anos de idade falava bem a língua portuguesa, mas
também a inglesa e a irlandesa. O pesadelo começou
após Victor completar sete anos de vida, ele acordava sempre
aos gritos, dizendo “eles estão chegando”,
ele crescia atormentado sem conseguir dormir direito, o que lhe
garantiram olheiras enormes, sua pele também era pálida.
Na noite em que completou quinze anos, o rapaz estava recluso
numa fazenda no interior do Rio, estranhamente saiu noite adentro
sem rumo, voltou ao amanhecer ser saber por onde havia andado,
nem o que tinha feito, seu corpo estava todo arranhado e sujo
de sangue, o cheiro era insuportável, ele não fazia
a menor ideia do que tinha lhe acontecido, então voltou
para junto da família. Ele permanecia quase que o dia todo
num quarto com pouca luz, algumas vezes sua mãe foi vê-lo
na madrugada e não o encontrou.
Numa noite chuvosa e escura alguém bateu a porta dos White,
era um homem na companhia de três mulheres, foram atendidos
pelo próprio Sr. White, os quatro disseram como num coro,
“finalmente nos encontramos”, e essas foram as últimas
palavras que Adams, Chalise e as meninas ouviram na vida.
Quando o dia amanheceu, mais uma vez Victor não tinha ciência
do que havia acontecido durante a noite, ao chegar à sala
se deparou com as paredes sujas de sangue e os pais decapitados,
as meninas estavam completamente dilaceradas, olhou para as próprias
mãos, que ainda estavam sujas de sangue, caiu de joelhos
no chão gritando desesperado, “como eu pude fazer
isso”. Ele enterrou a família no porão da
casa, como não havia vizinhos tão próximos,
ninguém tomou conhecimento do ocorrido, alguns comerciantes
estranharam a partida repentina deles para Londres, como lhes
foi dito.
Os bruxos deixaram um pequeno baú em cima da cama do rapaz,
que tinha no seu interior uma carta escrita com sangue, que dizia
o seguinte:
“Caro rapaz,
sua vida não lhe pertence mais, a quinze anos atrás,
sua alma foi dada como pagamento pelos pecados dos seus pais,
voce viverá centenas de anos, será um morto vivo,
se alimentará das vísceras de humanos e sua sede
só será saciada por sangue,
sentirá amor por muitas mulheres, mas sempre irá
vê-las morrer.
A maldição não terá fim enquanto correr
o sangue dos Frouchen.”
Victor fez suas malas e partiu para Londres, foi em busca de respostas,
mas isso é assunto para outro momento, aguardem...
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