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Efson Batista Lima
Salvador / BA

 

Uma década 100 liberdade


Aprendi na quinta - série, do ensino fundamental, nos idos de 1995, que para se identificar um século é necessário somar os dois algarismos iniciais com o número um, daí, tem-se o século. Exceto, para os anos terminados em 00. E a década? Conta-se sempre a partir do primeiro ano, após os dois algarismos 00. E o período histórico? Sempre após um evento, convencionado pela Historiografia, como a Revolução Francesa,... Contudo, bacana foi ver todas as discussões em face do ano 2000. Melhor ainda, foi virar o ano de 1999.
Uma ansiedade tomava conta de todos! Os que passaram para o ano 2000, tinham certeza que não havia terminado seu ciclo de vida. O mundo não havia se acabado! Maravilha! Continuávamos por aqui.
Infelizmente, para algumas pessoas, o mundo terminava ali. Logo, nas primeiras horas do primeiro dia daquele ano, a minha vizinha vem trazer à informação de que, uma mulher, de Entroncamento de Itapé, telefonou comunicando que um parente havia morrido. Era o tio da minha mãe que tanto falou que 2000, não chegaríamos! Ele estava certo consigo mesmo.
Penso que até aqui, o leitor está situado. É meu dever! Agora, se não compreendeu a identificação do período, não se preocupe. Vamos avançar. Mais na frente aprende.
Pois, daqui para frente, vou apenas descrever o que vi ou o quê ouvir falar. Bem, quem não se lembra da primeira década desse século, o XXI? É justamente dela que vou escrever em rápidas linhas! Não pretendo me cansar e muito menos, você leitor! Que merece todo respeito! Afinal, vive em uma sociedade que pede rapidez, celeridade e agilidade. Marcas desse novo tempo.
Na Bahia, os jornais impressos optaram por reduzir a quantidade de páginas. Eles diminuíram de tamanho. As notícias também foram encurtadas. Não que as informações tornaram-se breves, mas é que o público não se debruça mais sobre os acontecimentos.
- Detalhe! Calma!
-Depende do acontecido! Tratando-se de violência, merece a manchete do periódico, razão porque, consequentemente, chama bastante a atenção do público leitor. Vende mais! Os jornais competem, entre si, para quem fará o maior sensacionalismo com a desgraça alheia. Torça para que não seja um parente seu na capa. Peça também para que não seja o vizinho. Acredite, vamos superar isso. Por favor, torça para que não seja um parente meu também. E só mais um pedido, peça para que não seja o seu inimigo. Vai ficar com sentimento de culpa. Então, peça para que não seja ninguém!
Vivemos a indústria da violência, acompanhada de uma situação vexatória.
Tudo também está sendo postado e vulgarizado nas redes, inclusive, por todos os usuários. E para não chorar, as pessoas clicam em “curtir”. Sinceramente, tudo isso merece um riso do internetês, bem envergonhado.
- rsrsrs!
E por falar em Internet, esse fenômeno é uma das marcas da década. Já vivenciamos uma sociedade de orkuteiros, pelo menos, no Brasil. O Orkut era a rede social que mais fazia sucesso entre os internautas. Uma rede que, já nos idos de 2011, foi superada pelo Facebook. E está é acreditada como sendo a identidade do próximo período. Tudo é veloz! Tudo é mostrado em número.
Números são essenciais: RG, CPF, CEP, senhas, caracteres, preço, quantidade de diplomas....
Enfim, mas existem alguns fatos que marcam. Pelo menos o 11 de setembro de 2001. Parecia ser uma manhã de qualquer dia
- É que tudo parece acontecer, rapidamente, você nem ver! E tudo parece passar, despercebidamente, você nem sente.
Retomo nestante, o 11 de setembro.
Prefiro, agora, abrir um parêntese. Aqui, podemos fazer isso! Penso que é um leitor universitário. Estou confiante que não é mais um que entra no ensino superior e está alucinado para pegar o canudo.
Veja só: as pessoas morrem e você precisa providenciar o cash - é dinheiro mesmo, para quem não está acostumado com essa linguagem jovial e colonizada - para pagar o funeral. E pensa que a estória acabou por aí? Logo aparece uma pessoa da funerária. Está pensando que é para prestar solidariedade? Não é mesmo! É para negociar o preço do caixão, adornos. E você não pode chorar! Tem que começar a fazer consulta de preço.
- Você parece que está preso.
Quando está tudo acordado entre a pessoa próxima do defunto e o representante da funerária, o negócio é fechado! O membro da funerária pega na sua mão, e diz-se muito agradecido!
- Coisa muito fria!
Então, retomando, era uma manhã do 11 de setembro, saía da minha escola de ensino médio, passei na casa de um colega para pegar um gravador, pela tarde, iria fazer uma entrevista. Vi a família dele na frente da TV, nem liguei. Segui o meu caminho, quando cheguei em casa, era a minha vez de presenciar a minha família na frente da televisão, tratava-se do maior atentado terrorista da história. A década começava! Começava o século XXI! Com as suas realidades a desafiar os limites do homem.
Começava mesmo! Os EUA atacaram o Afeganistão. Prometia localizar e capturar os terroristas. Capturaram uma civilização! Impuseram as suas armas! A democracia e a sua justiça! Levaram os valores do Ocidente!
Aos brasileiros que podiam fazer suas viagens internacionais, couberam os fichamentos na entrada dos aeroportos norte-americanos. O governo brasileiro respondeu com o tratamento recíproco. Vibrávamos! Era momento de demostrar força, claro, em consonância com o nosso populismo.
Agora, ao brasileiro Charlles, jovem morto na Inglaterra pela polícia britânica em nome da segurança, restara a perda de sua vida. A nação inglesa sofreu um atentado terrorista, humilhante para os ingleses que julgavam um lugar seguro e vergonhoso para qualquer homem benevolente.
E ao povo do mundo, coube uma vigilância sistemática de suas liberdades! Eu perdi! Acho que você perdeu! Agora quero saber quem ganhou com tudo isso! Estou no aguardo de uma resposta!





   
Publicado no "Livro de Ouro do Conto Brasileiro Contemporâneo" - Edição Especial - Agosto de 2014