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Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

Poesia e poema

Ele era um taxista muito bom de prosa. Com seu sorriso agradável, seu jeito cordial e olhar curioso, ia logo puxando assunto com todos que entravam em seu veículo. Com isso, seu conhecimento das coisas da vida aumentava, pois juntava o que aprendera por experiência própria, com o aprendizado das mais diversas pessoas que conduzia, quase sempre em curtas viagens, que às vezes terminavam antes dos assuntos explanados...  Gostava de conversar com todos, homens ou mulheres, sem levar em conta a faixa etária deles, ou mesmo a classe social a que pertenciam. As crianças eram um capítulo à parte, pois elas veem o mundo e as coisas, sempre de uma forma tão original! E nunca de maneira igual àquela que as outras enxergam...
           
Pois foi numa das corridas que fiz com o referido taxista, que, para início de conversa, ao ver que eu estava com um livro, perguntou-me a respeito de que assunto era o mesmo. Respondi que era de poemas. Então ele disse: certa vez, perguntei a um  passageiro: “E o que é que você faz?” Ao que prontamente obtive como resposta: “Sou professor de literatura.” Uma alegria, imediatamente invadiu meu ser. “Hoje é meu dia de sorte”, falei. Há tempos eu que queria saber a diferença entre poesia e poema e até aquele dia não havia encontrado ninguém que me explicasse, de forma simples e convincente. “Afinal de contas, qual a diferença?” perguntei ansioso. O professor então fez um longo discurso, cheio de termos técnicos e didáticos e disse que existia até livros escritos com o único objetivo de explicar isso, até mesmo dentro de vários contextos históricos e culturais, etc, etc. Ao término da vigem, ao invés dele ter tirado minhas dúvidas, fiquei foi mais confuso ainda e só me restou, com um sorriso meio forçado, agradecer-lhe por tal elucidação.

Então lhe falei que eu também já havia pesquisado bastante sobre o assunto, tendo encontrado as mais diferentes explicações, algumas até difíceis de serem  assimiladas, mesmo por pessoas bastante eruditas. Mas a definição que achei mais simples e esclarecedora ( não me recordo de quem é, nem onde a li), é a seguinte:

“POESIA é aquilo que toca a nossa sensibilidade; nossa emoção, e POEMA é uma obra em versos, onde há POESIA.” Apenas isso...

 A poesia  atinge nossos cinco sentidos, principalmente a visão e a audição. Ela também aparece em escritos em versos ou em prosa e não encontra-se necessariamente na forma “escrita”. Não existe a POESIA VISUAL?  Quem nunca se encantou diante de um belo quadro, de uma linda escultura; ou mesmo ao presenciar o nascer do Sol e da Lua? Que pessoa não fica comovida, defronte a um maravilhoso lusco-fusco? Ou então ao ouvir uma música, que nos inebrie e não fira nossos ouvidos? “Teu corpo é luz, sedução, poema divino cheio de esplendor”, os versos mais lindos, da música que tanto adoro: Fascinação. Até a palavra é bonita, poética!

Ao término da viagem, agradecendo-me pela explicação feita de maneira tão simples (como simples são todas as coisas boas da vida), disse que também tinha esperança de um dia encontrar alguém que lhe explicasse de forma descomplicada o que é FILOSOFIA. E tendo chegado a meu destino, calmamente lhe falei que eu poderia tentar tal proeza, mas  infelizmente isso teria que ficar para a próxima corrida, devido aos inúmeros compromissos que me aguardavam.

 

   
Conto publicado no Livro de Ouro do Conto Brasileiro Contemporâneo - Edição Especial - Julho de 2015