Fernando Jorge de Araujo Aguiar
Recife / PE

Rio de fogo e aço

Sampa
inverno de 1979.
A maçaneta bati
e fui indo pela corcunda São João,
na direção do Campos Elíseos.
Raios luminosos perdiam-se
na fosca transparência do ar.
Espigões encanecidos
pela nevoa carregada de carbono
formavam brumosos paredões,
camuflando um gigantesco cânion.
Automóveis passavam
uníssonos e desvairados.
Eram mais de dezessete  horas,
luzes de néon já enfeitiçavam
a tez escura do céu.
E a fúria automotiva fluía,
como um rio energético
de fogo e aço.