Alexandra Vieira de Almeida
Rio de Janeiro / RJ

Envelhecimento

Envelheces comigo
como o arenoso trigo
palavras molhadas de sal e água
Passageiro de outro tempo
o trem se atira no vazio da espera
Véu que cobre a mortandade das letras
desnuda borboleta a encontrar o eterno
No envelhecimento do corpo
a lenda de ser pele e osso
Envelhecimento de ideias
que sobem pelo sopé da montanha
Rito e passagem
a caverna esconde labaredas do tempo
a descortinar as janelas do esquecimento
Amareladas páginas do poema
encantam os homens
com a sonolência do sol
que abre buracos nos corpos
redescobertos pelo zênite.