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Djanira Felipe de Oliveira
Rio de Janeiro / RJ

A história que não existe

Essa história foi inspirada em outra que ninguém leu; também não foi publicada porque jamais alguém a escreveu. Até mesmo os personagens idealizados para o enredo, antes do primeiro ensaio desistiram e se perderam. Para trás deixaram sem ler, no banco de uma praça, o imaginado roteiro.

Os transeuntes curiosos olhavam meio sorrateiros e seguiam seus caminhos deixando ali solitário o amarelado papel com as falas que realçavam em cores bem diferentes, a forma de um arco-íris, o portal da entrada do vento no mundo encantador onde mora os pensamentos.

O papel parado olhava em sua volta o movimento. Viu chegar à tarde e levar o sol para os seus aposentos, muito bem acompanhada pelas brisas avivadas pelo seu amigo, o vento.

O papel desejou ser transformado em sentimentos ganhar espaço no tempo, ser levado pelo vento e penetrar suavemente no universo dos pensamentos.

E na sua idealidade sentiu-se livre a voar. Imaginou-se um pássaro, mas não conseguiu cantar e nem se firmar no ar. Com sorte após adentrar o mundo dos pensamentos ficou preso numa árvore, um Ipê lindo florido, de onde pode alcançar pelo fascinado olhar outros Ipês coloridos.

Nas ruas diversos lápis desenhavam cata-ventos, enquanto os lápis de cera davam as cores mais belas, porque nesse mundo mágico havia um cata-vento firmado em cada janela. E quando o vento chegava os cata-ventos giravam. Harmônicos e nas janelas pareciam transformados em esplêndidas aquarelas.                            

O papel ficou assustado quando sentiu balançar os galhos do lindo ipê onde ficou ao chegar. E fez esse mundo mágico parecer bem singular ao lembrar que não é um pássaro e nem pertence a esse lugar.

Foi então que se deu conta que para o banco da praça ele deveria voltar. Ingressou no imaginário e deixou o vento levá-lo.

Pretende ficar na praça porque sente a inspiração de que o seu papel é ser pássaro e voar é a sua pretensão. Ser levado pelo vento sentir forte a emoção e lembrar daquele autor que na praça o deixou e se foi sem direção.

Talvez jamais o encontre. Afinal no fim de contas, essa história não existe foi apenas um anseio vivido pelo papel no seu breve devaneio.

 

   
Publicado no livro "Nó em pingo d'àgua" - Edição Especial - Abril de 2015