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Eduardo Luiz Silveira
Itapevi / SP

 

Um dia no Planeta Água

Como de costume, acordei bem cedo, com um pouco de sono, pronto para mais um dia de trabalho. Com a pouca água que me restava, tomei um banho de cinco minutos e fui para o trabalho.

Uma escola do subúrbio da minha cidade, certamente uma instituição que sem dúvida está sendo muito prejudicada pela escassez de água no Planeta Água. Afinal, quando falta água falta merenda, os toaletes não funcionam e até a limpeza fica prejudicada quando se necessita de água para limpar o colégio.

Logo perto de terminar o expediente, me preparo para me despedir dos funcionários, dos alunos e o relógio marca catorze horas e cinqüenta e cinco minutos da tarde. Tomo o cafezinho da secretaria feito com a pouca água que restou e pontualmente às quinze horas da tarde vou embora para casa.
É dia de feira e a prefeitura, para variar, usa água de reuso para limpar a sujeira da rua, não há outra alternativa senão essa, a rua precisa ser limpa e a pouca água potável utilizada no Planeta Água precisa estar nas torneiras das casas.

Mas o Planeta Água está só passando da metade do teu dia. Chegando em casa, fundamental a economia com a água. Mais um banho rápido e me arrumo para ir à universidade. Despeço-me de minha mãe que também sofre com a escassez de água, uma vez que necessita de água para fazer comida, lavar roupas e a limpeza da casa, se possível, sem uma gota de água.

Quando saio para as ruas, vejo no Planeta Água um céu escurecido e um prenúncio de chuva, vai chover no Planeta Água! Por precaução, me armo de um guarda chuva porque a viagem é longa até o campus da universidade! É... trabalhar e estudar todos os dias no Planeta Água em meio a falta d’água não é fácil.

Dentro do trem vejo que logo por volta das seis da tarde cai uma chuva forte, trovoadas, muita água do céu do Planeta Água. Uma esperança de que a falta d’água no Planeta Água diminua, afinal, depois de longos dias de calor causticante, o Todo-Poderoso enfim abriu as comportas do céu.

Protegido pelo meu guarda chuva em meio a chuvarada do Planeta Água, chego com segurança no campus da universidade. Algumas das minhas colegas de classe tiveram dificuldades para chegar até o campus, afinal, com essa chuva há o risco das inundações no Planeta Água.

As aulas ocorrem muito bem como de costume e o relógio marca vinte e três horas e trinta e cinco minutos, é hora de partir para casa e a essa altura, a chuva no Planeta Água que durou pouco mais de uma noite já terminou.

A longa viagem do metrô e do trem até a minha casa, uma hora e cinco minutos de uma cidade para outra. Ao desembarcar do trem, o Planeta Água adormece e ainda há poucas nuvens escuras no céu sem estrelas. Com pressa de chegar, eis que entro em minha minha casa e como de costume, não me deixo adormecer sem antes ver o noticiário com as últimas notícias do dia no Planeta Água.

Eis a minha decepção: a triste notícia de que não choveu o suficiente para encher os reservatórios da cidade e o problema da escassez de água do Planeta Água está longe do fim.

Já passa de meia-noite e será mais um dia difícil no Planeta Água...

 

   
Publicado no livro "Nó em pingo d'àgua" - Edição Especial - Abril de 2015