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Elizabeth Maria Chemin Bodanese
Pato Branco / PR

O despertar

 

 No Mundo Azul o sol nascente começava a esquentar a grama ainda úmida pelo orvalho da noite, quando algo terrível aconteceu.
Era o mundo das matas, do ouro, do céu azul, da paz.
Nesse mundo as pessoas se respeitavam. Cada casa tinha uma horta, um pomar. Com frutas saborosas faziam geleias: de ameixa, framboesa, pêssego, morango. Da uva eram feitos o suco e o sagrado vinho. Trigo para o pão não faltava. E do leite da vaquinha, a nata, a manteiga e o queijo deixavam farta a mesa do café da manhã. A terra era tratada com carinho e os rios protegidos pela mata nativa que os envolvia.
Nesse paraíso as crianças brincavam e corriam descalças na grama tenra, tomavam banho na água cristalina dos rios e das cascatas brilhantes que caiam lá de cima das pedras. Bebiam água fresca da fonte.
Para o transporte de produtos e de pessoas o trem era o meio mais usado. Poucos carros e poucos caminhões. Nas estradas bem conservadas era muito bom viajar.
Todavia, um dia, o Sol se escondeu do Mundo Azul e uma longa e assombrosa noite se estendeu por todos os lugares. As pessoas ficaram hipnotizadas, pareciam adormecidas, tontas...
Máquinas surgiram de todas as partes e derrubaram as matas. Expulsaram dos sítios os colonos. Seres insensíveis pulverizaram as hortas e os pomares com venenos letais à vida. Contaminaram as águas dos rios e das fontes.
Nas estradas, abarrotaram de enormes caminhões apressados e desenfreados. Disseminaram no mundo o individualismo, o eu e o consumismo.
Nas cidades e nos campos brotaram os mais terríveis ladrões que escravizaram as pessoas do Mundo Azul. Não havia mais dia, apenas noite e escuridão na vida dos habitantes.
Muitos anos se passaram... O povo penou... Padeceu... Sofreu...
O mundo estava um caos, preste a explodir quando houve o despertar de um novo tempo. Do coração do Mundo Azul surgiu um líder do bem:  um belo jovem chamado Saber.
Silenciosamente Saber semeou e regou o amor em cada pedacinho desse mundo. Mostrou ao povo triste e escravizado a força do pensamento e da união, o poder do nós. O povo acordou, compreendeu e viu que era possível ainda salvar o que restava do Mundo Azul. Lutou contra as forças do mal... Combateu a própria alienação...
Foi assim que, depois de muitas gerações sofridas, o mal foi extinto do Mundo Azul.
Saber formou muitos amigos que seguiram e semearam os seus ensinamentos até as regiões mais longínquas...
As trevas foram desaparecendo bem devagar...
E assim aconteceu até o dia em que o Sol reapareceu luzindo no horizonte, sob um ar quente e preciso.
O Saber iluminou a mente da população e Mundo Azul voltou a ser o mundo das matas, do ouro, do céu azul, da paz. Voltou a ser o mundo das pessoas felizes, da paz e do bem.

 

 
 
Conto publicado no "Livro de Ouro do Conto Brasileiro" - Junho de 2016