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Jorge Braga da Silva
Peruíbe / SP

 


Flor anoréxica

 

Ainda vejo tua silhueta na janela
Tão linda, tão frágil e tão pequena,
Mas só viam no espelho os olhos dela
A ilusão que era obesa e horrível cena

Por que ela nunca ouvia meu apelo,
Preferia suspeitos conselhos de espelho?
Oh Deus, que insanidade foi aquela,
Teu esqueleto na tua transparente pele

Quebrei o funesto espelho em teu quarto,
Mas tua alma enferma refletia
Sobre aquele corpo esquelético
Sempre gordo corpo antiestético

Nesta menina fria, a perfeição que ela queria
Finalmente estava nela e dores nunca mais,
Mas eu amava ainda esta menina magricela
Eu vi teus lindos olhos tristes e tua carne tão macia,
Dissolvidos em tantos vômitos artificiais,
Esvaírem-se pelas ostensivas brechas das costelas

Deixo aqui na tua sepultura, minha bela,
A última flor que dou
Pra você minha flor complexa,
Minha flor cega e anoréxica,
Incapaz de ver-se como realmente era:
Tão linda, tão frágil e tão pequena

 

 

 


 

 

 
Poema publicado no livro "Poemas Descalços na Noite Serena - 2015" - Edição Especial - Fevereiro de 2015