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Thiane Silveira de Ávila
Gravataí / RS

 


Circunstância da felicidade

 

Amar a felicidade é como tocar os fatos com a respiração sorridente
O estado espiritual é um subordinado às vivências
O ser feliz é construído pelas circunstâncias
Um estilhar das carências, uma ascese das experiências
Estou apaixonado pelos meus momentos de morte
Pelo meu resguardo pela solidão, pela casualidade dos momentos de vida
O emprego do ser à felicidade é um erro de semântica
Um exagero romântico malicioso, uma quimera que se deleita pelo vício
Na verdade, uma procura, uma consternação do sentido da existência
Um ser por estar, um estar ambicioso por ser
A felicidade é criada por estado, alimentada por segundos de sobrevivência
Ocasiões trazem peculiaridades férteis e maternas
São terrenos pedregosos ou propícios, lares de apaziguamento ou alarde
Ser feliz é a permissão dos momentos e a esperança da chegada
É o dar à luz um novo sentimento, preenchido pela surpresa
A amargura da felicidade é a ressurgência dos pesares
Os momentos abonados de ternura que fazem nos lábios desabotoar algo
Um sorriso fragilizado ou uma gargalhada trêmula de ventura
É, pois, o desenho da estrada que dignifica a alternância dos sempiternos
Ao mesmo tempo em que a brevidade das estações poliniza as sensações
Tudo mera confusão das borboletas do estômago, breves e levianas
Esperar a felicidade é o mesmo que selecionar o ar que se respira
Não há tempo amigo, tampouco vento favorável
O que há é a vida que se leva e a rotina que não poupa os cansados
Tristeza oprimida é a deixa para o enterro das alegrias
Os momentos que destoam as alacridades geralmente são rasos
Se o interesse está na durabilidade, é preciso dar as mãos ao fugaz
Desvanecer-se das aparências, fazer-se livre, ocupável, maleável
É aspiração pela liberdade, é o querer ser gás pelo desprendimento
Pela nostalgia que invade.

 


 


 

 

 
Poema publicado no livro "Poemas Descalços na Noite Serena - 2015" - Edição Especial - Fevereiro de 2015