Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

O grilo gritador

 
Eram sete da noite.  O grilo encontrou um buraco na parede da varanda. Olhou,  tirou um pouco mais do reboco e entrou.  Sentou lá dentro e começou a cantar:
- Cri-cri, cri-cri!
Ah, que beleza de luar!  Hoje está bom para namorar. Pensou e voltou a cricriar: “Cri-cri,  cri-cri!”, em alto e bom tom. 
Uma visita da casa falou:
- Que grilo chato!  Este barulho me deu dor de cabeça. Levantou-se e logo se despedindo pegou o caminho de casa para esquecer-se do som do grilo e poder dormir. 
O dono da casa chamou o filho e pediu uma lanterna. Iria já acabar com a festa do grilo, sim, senhor! 
O grilo, bem satisfeito no buraco, cavou um pouco mais e por um tempo quieto ficou. Depois roçou uma asa contra a outra e o barulho por toda a varanda se intensificou. 
Cri-cri,  cri-cri que o galo se acordou que cantou: "Cocorocó!"  Mas ninguém entendeu, pois era longe ainda do raiar do dia. 
Menino mexe no buraco; pai ilumina daqui, ilumina de lá, mas nada de o grilo se encontrar. 
O menino que estava com sono pediu a bênção ao pai e na rede foi se deitar. 
O homem sentou na preguiçosa, o olhar no buraco da parede e, como era persistente,  focou-o com a lanterna querendo o grilo pegar. 
- Ah, que vontade doida de cantar, falou o grilo botando a cara na boca do buraco e cantando:
- Cri-cri, cri-cri! 
A lanterna caiu no chão de tamanho foi o susto que o dono da casa levou. 
- Agora já chega, disse a esposa e o homem teve de a porta da casa fechar.
Mas xingou o grilo de irritante bicho feio, assim como quem se sabe perdedor. 
O grilo não se importou. Tinha coisa mais importante a fazer - precisava de uma namorada para aproveitar o luar.
E por toda noite se ouviu aqueles gritantes cri-cris, até que o som se tornou suave indicando que o grilo gritador tinha conseguido uma fêmea arrumar. 
- Querida, quando acordarmos te dou uma folha de rosa no café da manhã, disse o grilo e para dentro do buraco a levou. 
Cri-cri, cri-cri para quem a história ouviu e não dormiu.

   
Conto publicado no livro "Seleta de Contos de Grandes Autores Brasileiros"- Edição Especial - Julho de 2015