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Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

Vinte e seis de maio – Dia de Maricá

 
Os tambores rufavam na aurora do dia vinte e seis de maio. Uma picape percorria a cidade com alunos do quarto ano ginasial tocando tambores e cornetas, acordando assim as famílias e todos os alunos para o grande e espetacular desfile. Bandas marciais chegavam em caminhões militares para abrilhantarem o grande dia. Os alunos de todas as escolas e dos maiores colégios concentravam-se nos arredores em seus uniformes de gala para perfilarem e marcharem pelas ruas do centro de Maricá. Passariam bem devagar, olhando para o grande palanque onde posicionavam-se as autoridades municipais e estaduais. Era um momento de glória. O Colégio Maricá, que pertencia na época à CNEG, Campanha Nacional de Educandários Gratuitos, brilhava com o seu uniforme branco e grená para as meninas e cáqui com gravata grená para os meninos. Quando o colégio descia a rua dos Correios era uma emoção e um orgulho para todos que assistiam ao desfile.
Outro destaque era a Escola Técnica de Comércio São Caetano, com uniforme mais discreto, o tradicional branco e azul-marinho. Os alunos, em menor quantidade, desfilavam com muito garbo e alinhamento perfeito. Muito bonito.
As escolas primárias como o “Elisiário Matta” e o “Domício da Gama” dividiam os louros com suas professoras em uniformes novos, bem penteadas e no salto. Tudo era muito bom. Dona Zilca Lopes da Fontoura, Dona Luciene Rangel e muitas outras diretoras e mestras inesquecíveis sobressaíam no meio das crianças e dos jovens.
No “Ginásio Maricá” tínhamos, além do Diretor, um Secretário que era um pai para todos os alunos. O Pastor Clério Boechat, um senhor muito culto e simpático, de olhos azuis que ficavam um pouco despercebidos por conta de uns óculos de grau; óculos que não lhe pesavam no rosto, pois o Pastor estava sempre sorrindo. Colocava ordem na garotada, mantinha o respeito, e o coração transbordava de carinho e amor pela escola e por todos.
Uma recordação que deve fazer parte da memória de todos os ex-alunos dos idos de mil novecentos e sessenta e poucos é a do “fora de forma” dos desfiles. Todos os pelotões retornavam à rua do Colégio e continuavam perfilados. O Pastor Clério dava as ordens de comando: “Escola! Sentido! Meia volta, volver! Direita, volver!” Um silêncio profundo. Só se ouvia o barulho das mãos batendo nas laterais das coxas. Até que o esperado momento acontecia. Ele dizia com sua voz firme: “Escola! Descansar! Fora de forma!” E os tambores faziam um barulho ensurdecedor  e todos gritávamos, batíamos palmas e saíamos em debandada, felizes pelo dever cumprido e pelo sucesso do desfile.
Parabéns, Maricá! Tenho certeza de que o desfile de 2015 foi também um grande sucesso!

 

   
Conto publicado no livro "Seleta de Contos de Grandes Autores Brasileiros"- Edição Especial - Julho de 2015